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Papa visita Chile e Peru em meio a ameaças e esperanças

YOUTH AWAITING THE ARRIVAL OF THE POPE

Martin Bernetti | AFP

Agências de Notícias - publicado em 14/01/18

Francisco, que estudou no Chile e, como jesuíta, visitou o Peru, volta à América Latina em um momento político particular

O Papa Francisco empreende nesta segunda-feira (15) uma viagem ao Peru e ao Chile, em sua sexta visita a países da América Latina – depois do Brasil (2013), Equador, Bolívia e Paraguai (2015), Cuba (2015), México (2016) e Colômbia (2017).

Francisco estudou no Chile e, como jesuíta, visitou o Peru. Mas a situação desses países, naturalmente, não é a mesma da época.

Chile

O Chile se encontra em plena transição política depois da vitória nas eleições presidenciais do empresário Sebastián Piñera, que assumirá o cargo em março. A atual presidente, Michelle Bachelet, promoveu a equiparação entre as uniões homossexuais e o matrimônio, além de descriminalizar o aborto, medidas muito criticadas pela Igreja. É por ela, como chefe de Estado, que Francisco será recebido hoje.

A viagem do Papa a esse país também será marcada por protestos contra os abusos sexuais cometidos por dezenas de religiosos católicos no Chile – inclusive contra menores.
Parte dos protestos tem se desvirtuado em grave violência, incluindo ataques com explosivos contra igrejas católicas e ameaças explícitas contra a pessoa do Papa. Confira mais no seguinte artigo:

Peru

Já a estada pontifícia no Peru acontece em meio a uma das piores crises políticas do país após o indulto concedido ao ex-presidente Alberto Fujimori, antes condenado a 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade. O indulto foi uma decisão do atual presidente Pedro Pablo Kuczynski, ex-banqueiro de Wall Street, polarizando a sociedade peruana, desatando uma onda de protestos e gerando rupturas dentro dos mesmos partidos políticos.

Assim como no Chile, o tema dos abusos sexuais também se fará presente no Peru: o Vaticano está intervindo no  país contra um grupo católico investigado pelo crime de pedofilia.

Araucania e Amazônia

Em sua 22º viagem internacional, o primeiro Papa latino-americano deverá prestar particular atenção aos povos indígenas tanto do Chile quanto do Peru. Francisco reconfirmará seu compromisso com as camadas mais esquecidas da região, em sintonia com a sua visão pastoral de “ir até as periferias humanas”. Ele fez o mesmo nos outros países que visitou.

Em Temuco, a 600 km ao sul de Santiago, o Papa se dirigirá à população mapuche (7% da população chilena), que ocupava um vasto território antes da chegada dos espanhóis ao Chile em 1541. Na capital da região de La Araucanía, Francisco denunciará os abusos sofridos pela comunidade mapuche, que luta há décadas por seus direitos. Essa mesma minoria, no entanto, tem uma facção radicalizada, responsável por violentos protestos e ataques contra igrejas e seminários católicos no sul do Chile.

No Peru, Francisco será recebido por 3.500 representantes de povos nativos em Puerto Maldonado, região amazônica do país, marcada pela pobreza e pela exploração. Participarão indígenas procedentes também da Bolívia e do Brasil.

Nesta viagem, o Papa abrirá simbolicamente o sínodo especial de bispos dedicado à defesa da Amazônia e suas populações. O sínodo será aberto oficialmente em outubro de 2019, em Roma.

Com as vítimas

Antes de partir para o Peru, Francisco se reunirá na chilena Iquique com duas vítimas da ditadura de Augusto Pinochet, um gesto simbólico para recordar essa época difícil da história do Chile.

O Vaticano também não descartou que o Papa se reúna no Peru com familiares de vítimas de violações dos direitos humanos indignadas com o indulto dado ao ex-presidente Alberto Fujimori.

A visita do Papa vai ter um papel positivo para a Igreja“, afirmou embaixador do Chile perante a Santa Sé, Mariano Fernández, referindo-se aos estragos realizados em 2010 pelo caso de Fernando Karadima, um padre declarado culpado de abuso sexual e condenado pelo Vaticano a se retirar “a uma vida de oração e penitência”.

Segundo dados da ONG americana Bishop Accountability, as denúncias de abuso sexual envolvem cerca de 80 religiosos no Chile. No Peru, também se investigam denúncias do mesmo crime.

A viagem inclui seis cidades e dez voos, mais um desafio para o pontífice de 81 anos de idade.

Com AFP

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