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O que eu gostaria que alguém tivesse me dito no primeiro Dia das Mães após eu perder meu filho

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Pixabay | Pexels

Chloe Langr - publicado em 11/05/18

Aqui estão 4 coisas para lembrar no Dia das Mães se você sofreu aborto espontâneo ou sofre com a infertilidade

No ano passado, celebrei pela primeira vez o meu Dia das Mães. Mas um dia que deveria ser cheio de alegria e celebração acabou sendo incrivelmente desafiador. Meu marido, Joseph, e eu havíamos acabado de perder nosso filho, Marion, em um aborto espontâneo, apenas três meses antes. No final da missa, nosso pároco fez uma pausa após a bênção final e pediu a todas as mães que apresentassem para uma bênção.

Eu sabia que precisava dessa bênção. Depois de perder Marion em Março, eu sabia que Maio estava chegando, trazendo o Dia das Mães. E mesmo que eu me levantasse ali na igreja, me sentiria como uma concha vazia. Lembro-me do sangue correndo para o meu rosto, meus olhos cheios de lágrimas, minhas mãos fechadas e úmidas. Mas eu me levantei. Porque eu era mãe – mesmo que nosso filho estivesse no céu. Depois da bênção das mães, sentei, tremendo.

Mesmo sendo eu (e ainda sou) mãe, senti-me um fracasso. Meu coração, mente e alma ansiavam pelo bebezinho que crescia dentro de mim, mas achei que meu corpo falhara na maternidade. Como mãe naquele dia, senti-me tão sozinha. Parecia que todas as mães ao meu redor tinham filhos em seus braços ou se reuniam no banco ao lado deles. Avós orgulhosas estavam cercadas por filhos e netos. Eu estava de pé trêmula no meu banco, imaginando como eu poderia até cuidar de um pequeno santo que já estava com Deus.

Eu me senti feia; lágrimas correram pelo meu rosto. Eu me senti desarrumada. Eu me senti esquecida. Eu pensei que apenas Joseph, que estava sentado ao meu lado, sabia o que estava acontecendo no meu coração naquele dia. Todos os outros pareciam tão envolvidos em sua própria alegria que não notaram minhas lágrimas.

O Dia das Mães pode ser difícil por muitas razões. Talvez você, como eu, tenha pequeninos no céu. Talvez você também carregue a cruz da infertilidade e se pergunte se alguma vez terá a alegria de segurar uma criança em seus braços. Eu gostaria de poder envolver meus braços em volta de você e te dar um abraço. Mas aqui está o que eu quero que você saiba – e o que eu gostaria que alguém tivesse me dito naquele primeiro Dia das Mães depois de perder nosso filho:

Você não é um fracasso

O aborto espontâneo e a infertilidade podem fazer com que você se sinta envergonhada e inadequada. Você pergunta se sua história é demais para os outros ouvirem. Você se pergunta se sua história não é suficiente para que os outros se importem. Mas você não é um fracasso. Sua infertilidade não é sua culpa. Muitas vezes, artigos de revistas, fóruns on-line e amigos bem intencionados te encorajam a tomar aquela vitamina, ou fazer aquele exercício, ou nunca comer aquilo. Mas a infertilidade não é algo que escolhemos e não é algo que possamos controlar.

Não deixe o diabo plantar suas mentiras ao redor do seu coração. “Não há, pois, razão para sentirem que são fracassos”, escreve São Josemaría Escrivá, quando lhe perguntaram sobre os casais que carregam a cruz da infertilidade. “Se o casal tiver vida interior, eles compreenderão que Deus os está instigando a fazer de suas vidas um serviço cristão generoso, um apostolado diferente daquele que teriam realizado com seus filhos, mas igualmente maravilhoso”.

Você não está sozinha

Infertilidade e aborto espontâneo podem ser algo incrivelmente isolador e solitário. Porque ambos raramente são discutidos, você pode ficar com a sensação de que é a única. Se você está olhando o Instagram, fazendo compras na mercearia ou se ajoelhando depois da comunhão, parece que todas as mulheres estão grávidas. A mulher que se casou no mesmo verão que você já teve três filhos. A amiga que disse que não queria filhos tem um bebê nos braços.

Oh irmã, você não está sozinha. Estudos mostraram que 1 em cada 6 casais experimentará infertilidade. Isso não significa que 1 em cada 6 mulheres nunca ficarão grávidas, mas significa que muitas de nós sabem exatamente como é essa dor em seu coração, se esta também é sua cruz para carregar. Estudos também mostram que de 10 a 25% das gestações terminam em um aborto espontâneo. Muitas de nós são mães para crianças que não podemos ver.

Você é uma mulher bonita

Quando sua história como mulher inclui infertilidade, ou a perda de uma criança, você pode ficar questionando sua feminilidade. Afinal, somos informados de que os corpos das mulheres são destinados a trazer nova vida ao mundo. Se você está carregando a cruz da infertilidade, ou lamentando a perda de uma criança, pode sentir que tudo o que faz de você uma mulher foi arrancado de você.

Há tantos equívocos sobre o que realmente significa viver o “talento feminino” como uma mulher católica. Não existe uma maneira perfeita, correta de viver a sua feminilidade. “Às vezes cometemos o erro de idolatrar certas coisas – coisas boas! E então tratamos essas coisas boas como se fossem as ÚNICAS coisas que uma mulher católica pode fazer”, escreve Haley Stewart, da Carrots for Michaelmas. Sua feminilidade não é definida pelo tamanho da sua família. Ou se você pode abrigar a vida em seu ventre. Ou se você é mãe para pequenos aqui na terra, ou santos no céu. Deus criou você uma mulher. Ele vê você e diz que você é boa. Você é linda.

Você é amada e lembrada

No dia em que honramos as mães, quero parar e me lembrar de você. Eu sei os dias em que você se sentiu como Ana, clamando no templo, oferecendo a Deus qualquer coisa em troca de um filho. Sabemos como é se sentir como Agar, exilada ou forçada a fugir de situações por causa do luto. Todas nós já fomos Raquel, conhecendo o sofrimento e a dor quando nos dizem que o batimento cardíaco do seu bebê não pode ser encontrado no ultrassom.

Hoje, talvez você esteja carregando a pesada cruz da infertilidade. Você ainda não é mãe, mesmo que tenha certeza de que já estaria segurando um pequenino. Você está envolta em oração hoje. Talvez sua cruz pareça diferente e você tenha perdido uma criança devido a aborto espontâneo ou perda infantil. Você é amada. Você é digna. Você é boa. Do jeito que você é.

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