Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sexta-feira 02 Junho |
Santo Erasmo de Formia
Aleteia logo
Em foco
separateurCreated with Sketch.

Cristãos em Myanmar sofrem um tratamento similar ao recebido pelo povo Rohingya

KACHIN CHRISTIANS

Zau Ring HPARA | AFP

John Burger - publicado em 13/06/18

A repressão em curso contra o movimento de independência de Kachin coloca a Igreja em posição difícil

A ONU e o governo de Myanmar assinaram um pacto para iniciar o processo de repatriamento de algumas das centenas de milhares de muçulmanos Rohingya (rohingyas ou ruaingas são um grupo étnico que pratica o islamismo e fala a língua rohingya, um idioma indo-ariano parente do bengali) que fugiram de uma repressão brutal do Exército no ano passado, informa a National Public Radio.

Mas apesar da pressão externa contra a perseguição à minoria muçulmana, há relatos de que Myanmar, também conhecida como Birmânia, está tratando duramente sua população de minoria cristã.

Rebeldes Kachin em Myanmar, que são em sua maioria cristãos e vivem na área montanhosa do norte do país, dizem que um de cada oito de sua população foi deslocado, de acordo com Sky News.

O correspondente da Sky News Alex Crawford disse que encontrou “provas preocupantes de uma segunda campanha genocida” em Myanmar, e sugeriu que as autoridades birmanesas podem ter sido encorajadas pela falta de uma forte resposta internacional à primeira campanha genocida contra os Rohingya.

Os Kachin, que vivem em uma área limitada pela China e pela Índia, lutam pela autodeterminação desde que a Birmânia se tornou independente da Comunidade Britânica em 1948.

“Ao longo das décadas eles formaram um exército efetivo, conhecido como Exército Independente de Kachin (Kachin Independent Army – KIA), e um órgão administrativo chamado Organização para a Independência de Kachin (Kachin Independence Organization – KIO)”, escreve Crawford.

Milhares morreram em ataques a bomba realizados pelos militares de Myanmar – e esses ataques aumentaram substancialmente desde janeiro, depois que as mesmas forças passaram meses expulsando os Rohingya do oeste do país.

As forças nacionais têm usado helicópteros e artilharia pesada para bombardear posições rebeldes de Kachin.

Milhares de civis ficaram presos na selva espessa e fugiram várias vezes para escapar dos ataques.

Um número de civis com quem Crawford conversou relatou ataques a civis que se refugiaram nos campos de deslocados espalhados pela região.

“Infelizmente, essa não é uma história nova”, disse Daniel Mark, presidente da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos (USCIRF), embora possivelmente os militares tenham intensificado a ofensiva.

Todos os anos, desde 1999, a USCIRF recomenda que o Departamento de Estado dos EUA designe Myanmar como um país de particular atenção por suas violações das liberdades religiosas. “As violações da liberdade religiosa perpetradas por atores estatais e não-estatais na Birmânia tiveram um impacto profundo, duradouro e negativo em várias comunidades religiosas”, disse um relatório da USCIRF de dezembro de 2016 sobre Myanmar. “O poder duradouro, constitucionalmente entrincheirado das forças armadas, e a elevação do budismo como a religião de fato de Estado são fatores-chave na compreensão das violações da liberdade religiosa que afetam atualmente as comunidades cristãs na Birmânia”.

O relatório diz que o Ministério de Assuntos Religiosos e Cultura, os Ministérios de Assuntos Fronteiriços e Assuntos Internos, administrados pelos militares, e os próprios militares são diretamente responsáveis ​​pelas violações da liberdade religiosa.

Os militares ocupam rotineiramente igrejas e convocam congregações inteiras para interrogatório. As tropas Tatmadaw (exército birmanês) profanaram, danificaram e destruíram igrejas. Os militares continuam a perpetrar graves violações dos direitos humanos com quase total impunidade, incluindo a violência sexual nos complexos da igreja e a tortura de pastores, obreiros da igreja e civis comuns. Até o momento, aproximadamente 120.000 pessoas foram forçadas a fugir.

Mais de 60 igrejas cristãs foram destruídas no Estado de Kachin desde que um longo cessar-fogo foi interrompido em 2011, de acordo com o grupo britânico de defesa Christian Solidarity Worldwide.

Dom Francis Daw Tang, bispo da diocese de Myitkyina no estado de Kachin, disse à agência de notícias Fides que 7.000 cristãos pertencentes à minoria étnica Kachin foram forçados a abandonar suas casas devido à escalada da violência entre o exército birmanês e os rebeldes Kachin.

“No início de abril, o exército birmanês começou a atacar a região na fronteira com a China”, disse Dom Tang à Fides. “Muitas aldeias foram atacadas e a população começou a fugir. Muitos ficaram presos na selva por pelo menos três semanas, sem comida e sem liberdade para se mudar, porque são suspeitos de serem colaboradores rebeldes”.

Em uma carta à população divulgada em 24 de maio, líderes religiosos reunidos no fórum “Religiões para a Paz”, liderado pelo cardeal Charles Maung Bo, registraram “a crescente hostilidade e o grande deslocamento de pessoas nos estados de Kachin e Shan, que enfraquece ainda mais o processo de paz e reconciliação”.

Tags:
liberdade religiosaPerseguição
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia