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O trauma das crianças migrantes

IMMIGRATION

Giannis Papanikos - Shutterstock

Javier Fiz Pérez - publicado em 25/06/18

Há acontecimentos que mudam para sempre a vida da pessoa

O sofrimento dos migrantes não é somente físico, social e econômico; é também psíquico e afetivo. A dura experiência da migração provoca profundas feridas, principalmente nas crianças.

As crianças que ficam separadas dos pais por dias, semanas, meses e até anos se tornam muito vulneráveis a todo tipo de perigo.

Por outro lado, as que imigram sozinhas podem ser vítimas da delinquência, do abuso ou dos maus tratos psicológicos. Isso acontece devido às condições de clandestinidade em que vivem, como no caso de ter que cruzar fronteiras de diversos países, por exemplo. Muitas crianças comentam que a angústia por que passam ao ficarem com estranhos quando são deixadas nas mãos de coiotes ou familiares se transforma em um pesadelo, que atormenta seus sonhos durante muito tempo. Elas se sentem perdidas e abandonadas.

Da mesma forma, a criança que fica no país de origem sem os pais pode-se ver impactada pelos perigos do ambiente em que vive. Elas precisam se desapegar, adaptar-se à ausência da mãe e enfrentar as consequências da distância física. É normal que seus hábitos e desenvolvimento físico, psíquico e social sejam afetados.

Entre os 5 e os 7 anos de idade, as crianças sentem dor, angústia, desamparo e insegurança por causa da ausência dos pais. Além disso, elas reagem aos acontecimentos com preocupação, medo, melancolia e nostalgia.

Uma dor que traumatiza

O desequilíbrio por que passam os migrantes depois de empreenderem um caminho cujo êxito é incerto é chamado de “trauma da migração”. Eles buscam um futuro melhor, ao mesmo tempo em que não querem mudar o núcleo profundo da própria identidade.

Este trauma é visto como uma ferida, uma fissura que, no plano psicológico, traz muito sofrimento. É um choque com reflexo na personalidade. Isso ocorre quando as condições sociais são desfavoráveis tanto no país de origem quanto no de acolhida.

Um trauma cumulativo

Como o processo de migração é longo, as experiências traumáticas são cumulativas. Começam no momento da partida ou separação do lugar de origem, continua com uma série de acontecimentos durante a viagem e também se manifesta ao chegar ao destino. Isso porque quase nunca o migrante reside em um mesmo lugar durante um tempo estável (costuma se mudar com frequência).

As consequências do trauma cumulativo podem não ser somente imediatas. Isso depende de cada personalidade e a possibilidade de reações futuras é grande.

Trauma que passa de pais para filhos

Quando a experiência migratória é traumática para os pais, o trauma pode ser transmitido aos filhos de diferentes maneiras. Quando vivem em condições de clandestinidade, por exemplo, os impactos são dolorosos e destrutivos.

Os filhos podem viver essa experiência de forma complexa e antagônica, já que costumam se preencher das fantasias, imagens e sonhos construídos pelo pai e a mãe.

Quando as crianças não viajam com os pais e ficam com algum familiar, sofrem as consequências da migração do mesmo jeito: herdam o trauma da família provocado pela viagem e as condições de clandestinidade.

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