Com 19 semanas de gestação, Júlia Kogan, de São Paulo, descobriu que Clara viria ao mundo com uma malformação da coluna vertebral da criança chamada mielomeningocele. Isso acarretou a Clara sequelas motoras severas. Clara não pode andar e é uma criança cadeirante, ou seja, precisa de cadeiras de rodas para se movimentar.
Quando Clara completou um ano, Júlia foi à procura de escolas que possuíssem um espaço com a acessibilidade necessária para a Clara. Na teoria, toda escola é obrigada por lei a aceitar crianças especiais, mas na prática não é isso que acontece.
Quando conheceu o colégio atual onde Clara estuda, Júlia sabia que seria a melhor escolha. Havia rampas, elevadores, e um bom atendimento. A mãe conversou com todos os profissionais da escola e eles já tinham experiência com outras crianças com algumas dificuldades e/ou deficiências. Ela poderia entrar quando completasse três anos.
Antes de Clara completar 3 anos a mãe percebeu que ela precisava começar a ter contato com crianças diariamente, pois isso ajudaria muito o seu desenvolvimento.
Das escolas pequenas em que ela procurou no seu bairro, nenhuma possuía qualquer tipo de acessibilidade, muito pelo contrário, eram todas cheias de escada por todos os lados.
A primeira escola da Clara não tinha nenhuma acessibilidade, mas mesmo assim, tinha uma ótima professora que deu para a Júlia a confiança necessária. Clara aprendeu a comer melhor, falar mais, cantar, dividir brinquedos, etc.
“A rotina de crianças com mielo é bem intensa nos primeiros anos de vida: fisioterapia, médicos, exames e cirurgias em alguns casos, mas quando as coisas estão encaminhadas e organizadas não existe nada melhor que a escola”, explica.
Desde 2017 Clara está na nova escola. E adora.
Na festa junina de junho deste ano, a escola fez questão de adaptar a festa para que Clara participasse.
“Procurar uma escola para o filho é tarefa difícil. Procurar uma escola para o filho que anda em uma cadeira de rodas é tarefa mais do que difícil. Quando falamos de adaptação/inclusão não estamos só falando de rampas ou abraços no coleguinha. Estamos falando de sensibilidade, delicadeza, amizade, carinho, estudo, profissionalismo. E foi tudo isso que achamos para a Clara”, explicou Júlia.
Crianças com deficiência são, antes de tudo, crianças. Sendo assim, possuem todos os direitos, assim como as outras.
E como nós estamos ajudando ou atrapalhando nossas crianças de exercerem esse direito básico?
(Via RPA. Fotos: Reprodução/Instagram)