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Fim do plástico: moda ecológica torna-se realidade nas passarelas

YOUNG BLOND WOMAN SMILING

By sanneberg | Shutterstock

Agências de Notícias - publicado em 28/09/18

Os ativistas dizem que existem várias maneiras de fazer roupas sustentáveis

Esse dia pode ter demorado para chegar, mas a moda ecológica não é mais um sonho hippie. Jaquetas de motociclista feitas de folhas de abacaxi e couro curtido com extrato de azeitona, em vez de com substâncias químicas altamente poluentes, estão agora ao alcance, dizem os especialistas.

Todos, desde jovens designers de vanguarda até grandes marcas, estão correndo para entrar nessa onda, com tênis com solados feitos de garrafas plásticas recicladas que já estão vendendo milhões de unidades.

Somente no ano passado, a Adidas vendeu um milhão de seus tênis Parley – feitos de plástico pescado no oceano – e a gigante esportiva alemã está aumentando a produção de uma variedade de produtos igualmente reciclados.

Na quarta-feira, Yolanda Zobel, a nova designer da marca futurista francesa Courreges, fez o “impensável” e declarou que estava eliminando o vinil que tem sido o símbolo da empresa desde os anos 1960.

Depois de uma coleção cápsula final chamada “Fin de Plastique” (O Fim do Plástico) que reduzirá seus estoques de vinil, a alemã tentará originar versões sustentáveis ​​ou recicladas do material brilhante.

“Um mundo melhor não virá se não tomarmos medidas hoje”, disse Zobel.

As atitudes em relação à moda ecológica “mudaram totalmente nos últimos anos”, disse Marina Coutelan, que ajuda a administrar a Premiere Vision, uma feira semestral extremamente influente em Paris, onde as pessoas que agitam a indústria da moda se reúnem em busca de novos materiais e ideias.

– Millennials promovem a mudança –

Com os millennials (aqueles nascidos entre 1980 e 2000) agora começando a ditar as regras na indústria da moda, “estamos vendo muitos produtos da moda de materiais sustentáveis, ​​porque eles cresceram com a ideia de que precisamos ser ecorresponsáveis” disse Coutelan à AFP.

Um exemplo são as estrelas em ascensão Rushemy Botter e Lisi Herrebrugh, a dupla holandesa que acaba de ser contratada para assumir a maison Nina Ricci Paris.

“Sempre se falou da moda sustentável”, disse Herrebrugh, de 28 anos. “Agora é algo que podemos ver”.

Sua própria marca Botter fabrica chapéus, cachecóis e jaquetas de sacolas plásticas recicladas e garrafas encontradas no mar – uma causa cara a Botter, que nasceu na ilha caribenha de Curaçao.

As cadeias de lojas podem ainda ser obcecadas com moda rápida e descartável, mas marcas de luxo estão liderando o caminho na tentativa de repensar o negócio, disse Coutelan.

Ela aponta para a gigante francesa Kering, que é dona da Gucci, Saint Laurent, Balenciaga e Alexander McQueen, entre outras, como uma das pioneiras da sustentabilidade.

– Segundo maior poluidor –

A marca “reduziu seu impacto ambiental em um quarto e espera reduzi-lo em 40% até 2025”, disse.

Mesmo assim, a moda ainda é, segundo algumas medidas, a segunda indústria mais poluidora do mundo.

Kering até recentemente possuía uma participação de 50% da Stella McCartney, a marca que mais rompeu barreiras éticas e ambientais, recusando-se a usar peles, couro ou penas.

A designer britânica usa lã reciclada e poliéster feito de garrafas plásticas de água, e pretende parar de usar nylon “virgem” dentro de dois anos e poliéster novo em 2025.

Os convites para seu desfile na semana de moda de Paris na segunda-feira proclamam que “o verde é o novo preto” e apresentam um novo desenho animado no qual ela estrela com o personagem Minnie The Minx em uma história exaltando as virtudes do cashmere reutilizado.

McCartney disse à AFP que gostaria de ir mais rápido, mas “a tecnologia de que precisamos para chegar a esse ponto ainda não está disponível de maneira sustentável e circular”.

Os ativistas dizem que existem várias maneiras de fazer roupas sustentáveis. A jovem designer francesa Marine Serre é, muitas vezes, uma recicladora brilhante – transformando, por exemplo, colchas velhas em vestidos de noite, desfilados na Semana de Moda de Paris nessa terça-feira.

Enquanto isso, a canadense Marie-Eve Lecavalier ganhou fama com malhas de couro feitas de sobras de extremidades rejeitadas por marcas de luxo.

“Dá muito trabalho, mas o resultado é ótimo. Na América do Norte, as pessoas desperdiçam muito. Precisamos encontrar outro caminho”, disse à AFP.

Com o processo de curtimento sendo um dos negócios mais sujos do mundo, alternativas ao couro como o Pinatex, feito das fibras das folhas de abacaxi, mas igualmente maleável e forte, estão ganhando terreno.

A Hugo Boss já fabricou tênis com o material, que está sendo comercializado pela empresa britânica Ananas Anam, que trabalha com cooperativas de agricultores nas Filipinas.

O grupo alemão Wet Green desenvolveu uma linha potencialmente revolucionária chamada Olivenleder, de couros biodegradáveis curtidos com um agente feito de fibras de azeitona. São tão seguros que “você pode até comê-los”, brincou o porta-voz Thomas Lamparter.

Para Chantal Malingrey, da Premiere Vision, a moda totalmente sustentável “ainda não é a norma”. Mas tal é o ritmo da inovação, diz ela, que a tendência é “irreversível”.

(AFP)

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