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10 chaves da eficácia do Método Montessori

MIKROSZKOŁA WE WŁOCHACH

Ignasi De Bofarull - publicado em 24/06/19

Depois de cem anos, continua a ser um dos métodos pedagógicos mais bem sucedidos da história

Muitas escolas de Educação Infantil e Primária têm oscilado em suas metas e objetivos. A criatividade, sempre muito importante, converteu-se no centro. E, acima de tudo, a criança deve brincar para aprender e estar sempre motivada.

Brincar é apropriado como aprendizagem, mas há exageros de inovação constante que desorientam professores, crianças e pais.

Um exemplo é a presença dos games em muitas escolas. Parece que a norma é experimentar, tentar ser mais inteligente, adaptável em qualquer ambiente. São ferramentas importantes, mas não podem ser os objetivos centrais.

Os objetivos centrais estão no desenvolvimento da maturidade e autonomia da criança, que descobre o mundo em uma variedade e qualidade de conteúdos básicos onde a leitura e a escrita atenta estão no centro.

A criança deve ser protagonista da aprendizagem, seu progresso deve ocorrer em contato com a realidade, o professor deve alimentar sua iniciativa espontânea.

E devemos superar a velha e coercitiva escola, na qual a chave era o silêncio da criança, sua obediência cega ao professor e os exercícios mecânicos.

No entanto, os programas e as novas metodologias acabam por não entrar em detalhes sobre qual é o papel do professor e da própria escola, em meio a tanta complexidade de ferramentas.

Tendo esse problema em mente, vamos olhar para um método, o Método Montessori, que poderia responder a muitas dessas questões.

Um fato importante a favor do Método Montessori é o constante aumento de escolas públicas e privadas que aderem a ele em todo o mundo.

Mas não de qualquer maneira: o segredo do sucesso deste sistema é implementar o método com autêntica fidelidade aos princípios estabelecidos pela pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952) há 100 anos e que hoje a AMI (Associação Montessori Internationale) segue defendendo.

Em nossa opinião, esta longevidade está em alguns princípios básicos – propomos apenas 10 – que estão enraizados na qualidade dos materiais de aprendizagem originais, muito bem testados e confirmados ao longo das décadas. Vamos concentrar no período que vai de 3 a 9 anos.

1LONGEVIDADE DO MÉTODO MONTESSORI

O método Montessori pouco mudou nos últimos cem anos, porque é altamente coerente, é bem estruturado, você obtém resultados mensuráveis, e as crianças progridem em autonomia, atenção, num caminho de aprendizagem que os oferece um forte senso de auto-eficácia.

Os alunos querem aprender. Quer dizer, os alunos decidem livremente trabalhar com tranquilidade e felizes – a alegria é uma característica dessas escolas -, descobrindo que são capazes de realizar tarefas desafiadoras com sucesso.

A repetição das atividades gera neles hábitos nos quais se realiza a autocorreção dos erros e, assim, capacita-os cada vez mais para o trabalho sensorial e intelectual.

2CONHECIMENTO SENSORIAL E MOTOR

O Método Montessori parte do concreto e sensorial, progressivamente, em direção ao abstrato e mental, através de materiais criados para este fim.

A criança primeiro aprende com o corpo (olhos, mão, tato, movimento) e então internaliza essas percepções em processos gradualmente mais racionalizados, onde os dados da experiência direta constroem as categorias de compreensão.

3A QUALIDADE DOS MATERIAIS DE APRENDIZAGEM

Os materiais de aprendizagem são produto da observação acumulada ao longo dos anos por Maria Montessori. A pedagoga estudou como as crianças se comportavam diante de certos estímulos sensoriais e como esses estímulos lhes davam a capacidade de raciocinar de acordo com seu Período Sensível.

Assim, cada material é projetado para aproveitar o florescimento de cada Período Sensível. Assim, as crianças aprendem a escrever e a ler no Período Sensível da linguagem de maneira fonética e tátil: experimentando com os dedos as letras de madeira e associando-as aos sons.

4O AMBIENTE DA SALA DE AULA É TRANQUILO E HARMONIOSO

O silêncio é mais um elemento da harmonia e da ordem da sala de aula Montessori. Essa harmonia se reflete no fato de que a sala de aula é projetada para se adequar à criança, à sua altura, a seus braços, a suas mãos. E essa harmonia gera paz.

Pode-se dizer que o aprendizado Montessori é uma experiência estética em que a criança interpreta belamente a partitura (metáfora musical) dos materiais que ela toca e manipula.

A sala de aula é harmoniosamente bela e os materiais são tão ajustados, simples e cheios de significado que o aluno se sente impelido a operação-los.

5AUTORREGULAÇÃO DA CRIANÇA

O aluno do Método Montessori se autorregula, marcando seus ritmos e escolhendo espontaneamente os materiais, resolvendo-os, e depois reorganizando-os em suas prateleiras. Escolhe novos desafios sem interferir nas tarefas dos colegas.

É uma obediência ativa e reflexiva, que consiste na capacidade de governar a si mesmo. Nesse sentido, Montessori tem uma pedagogia de esforço e da vontade, mas com liberdade.

E todas essas tarefas avançam na aquisição de hábitos e de rotinas positivas que se repetem com prazer e que levam a alcançar o amadurecimento.

6ATENÇÃO E MOTIVAÇÃO

A motivação está na capacidade de alcançar um estado de fluxo que permite à criança na sala de aula Montessori aprender porque ela está satisfeita com o que faz.

Então a criança fixa sua atenção. Exercita-se consequentemente uma atenção seletiva onde nada a distrai, e ela pode estar mergulhada na aprendizagem durante períodos de até três horas.

Hoje a atenção de uma criança na escola é uma mercadoria escassa. No Método Montessori, a motivação vem de dentro, não de fora.

O Método Montessori gera uma motivação intrínseca. Atividades extravagantes que poderiam cativar artificialmente a atenção da criança não são necessárias.

7CURRÍCULO RECONHECÍVEL E VIÁVEL

O Método Montessori tem um rigoroso senso de transmissão de conteúdos, de transmissão do conhecimento, e do cumprimento dos objetivos de aprendizagem.

O currículo é reconhecível e viável: linguagem, matemática, geometria, geografia, história, biologia, etc. Existem conteúdos predeterminados que devem ser alcançados de maneira ordenada e que a experiência prova que são acessíveis.

A criança escolhe espontaneamente os materiais predeterminados, mas não constrói o currículo a partir de seus caprichos.

8ELEGÂNCIA NO SERVIÇO E NO CUIDADO

O método de Montsesori também se ocupa da inteligência como um serviço, como cuidado. A harmonia, a ordem e o equilíbrio da sala de aula falam do cuidado com os materiais, falam da limpeza das mãos, de manter tudo pronto.

Os alunos inclusive estão envolvidos nas atividades relacionadas à vida material na sala de aula (e, portanto, de casa): colocar a mesa, lavar os pratos, dobras as roupas.

Há um cuidado com os materiais e também um cuidado com o outro: cedendo, cumprimentando e pedindo desculpas quando necessário. Estamos diante de um importante capítulo da socialização montessoriana que é a coexistência e o respeito.

9O PROCESSO DE NORMALIZAÇÃO DA CRIANÇA

Quando a criança chega à escola Montessori, ela traz consigo um temperamento, além de inclinações que apontam para uma certa desordem. Ela quer dominar e impor seus critérios caprichosos, como qualquer criança deixada à vontade.

Normalizar a criança significa harmonizar a sua vida com o processo de aprendizagem exigente que começa na educação pré-escolar e primária. E isso continua no ensino secundário e superior.

Ao embarcar nesse caminho, o aluno se sente autodeterminado, capaz, autônomo, socialmente seguro e ao mesmo tempo descobre o bem para si e para os outros: respeita o silêncio, não perturba, cuida de seus companheiros, não tem medo de errar, é disciplinado (auto-obediente) e prestativo.

Ele também aprende com seus erros, pois isso é algo que o Método Montessori exercita como parte das regras da retificação. O processo de normalização requer que a criança se adapte à escola, não que a escola se adapte à criança.

10A ESCOLA, O MÉTODO, OS MATERIAIS MONTESSORI SÃO ASSOCIADOS A UM FIM

Improvisação: essa é a sensação que muitas crianças e salas de aula primárias deixam em seus observadores, em muitas escolas por aí afora. É claro que existe um currículo estabelecido por lei, mas nos últimos anos tem-se acreditado mais criatividade no trabalho por projetos do que nos parâmetros do currículo oficial.

O Método Montessori é muito criterioso nesse âmbito: sabe para onde vai e como chegar do começo ao fim: dos 3 aos 18 anos.

O fim é claro e coerente com uma antropologia e filosofia da educação voltadas para o desenvolvimento e a aprendizagem, onde a criança amadurece ao ritmo de sua natureza.

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