Aleteia logoAleteia logoAleteia
Segunda-feira 25 Setembro |
Beato Jesus Hita Miranda
Aleteia logo
Espiritualidade
separateurCreated with Sketch.

Vamos parar de tentar “vender” o Evangelho

HANDS IN THE AIR

A.PAES | Shutterstock

Robert McTeigue, SJ - publicado em 07/07/19

Um vendedor sempre vende o Evangelho encurtado. Mas aqui está uma maneira melhor de proceder

Qual é a marca registrada de um bom vendedor? Alguns dizem: “um bom vendedor é aquele que consegue vender-lhe algo de que você não precisa, como gelo para um esquimó!”

Outra definição: “um bom vendedor é capaz de lhe vender algo sobre o qual você pensa: como consegui viver sem isso até hoje?”. Exemplo: lembro que houve um tempo em que eu não tinha smartphone.

Mas como um bom evangelizador poderia “vender” o cristianismo? Bem, do ponto de vista do marketing, apregoar o cristianismo como um meio para, digamos, aumentar autoestima, bem-estar, riqueza (e as muitas outras formas do chamado “evangelho da prosperidade”) tem uma longa e variada história. É um erro que não desaparece.

Um motivo para não desaparecer é porque, em certo sentido, funciona. Em uma sociedade orientada para o consumidor, onde existem infinitas opções disponíveis para prazeres e satisfações (aparentes), a única maneira de a marca cristã obter “espaço na prateleira” na mente do consumidor é oferecer ao consumidor o que ele já quer, mas com algum tipo de logotipo cristão.

Mas o mundo será sempre mais divertido e eficaz na tarefa de oferecer bens mundanos.

Cristãos bem intencionados podem cair no risco de diminuir o Evangelho ou até se envergonhar, quando, por exemplo, comercializarem camisetas em que se lê: “Jesus é meu amigão”.

Temos sido alertados contra esse tipo de erro constantemente. Diz C.S. Lewis que um homem que primeiro tentasse adivinhar “o que o público quer”, acabaria pregando o cristianismo de forma tola.

Se os evangelizadores cristãos estiverem procurando “clientes”, ficarão envergonhados quando Jesus disser:

Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram. (Mateus 7, 12-14)

O caminho que faz justiça às exigências do portão estreito foi descrito pelo crítico de arte John Ruskin:

Nenhum cavaleiro mentiroso ou sacerdote mentiroso prosperou em qualquer época, especialmente nas épocas mais obscuras. Os homens prosperaram apenas ao seguir um propósito abertamente declarado, pregando credos verdadeiramente amados e confiáveis.

Quem pode negar que estamos em tempos sombrios? Se o conteúdo de nossa pregação é para ser verdadeiramente o Evangelho, por certo temos pregadores que já estão se submetendo à disciplina necessária para encontrar e entrar na “porta estreita” de Cristo. Nossa pregação deve ser mais do que uma obra humana. O renomado pregador Charles Spurgeon ensinava:

O Evangelho é pregado aos ouvidos de todos os homens; mas só vem com poder para alguns. O poder que está no Evangelho não está na eloquência do pregador; de outro modo, os homens seriam conversores de almas. Nem está no aprendizado do pregador; do contrário, poderia consistir em sabedoria dos homens. Poderíamos pregar até que nossas línguas apodrecessem, até que esgotássemos nossos pulmões e morrêssemos, mas nunca uma alma seria convertida a menos que houvesse poder misterioso – o Espírito Santo mudando a vontade do homem. Ó senhores! Podemos pregar para muros de pedra ou pregar para a humanidade, contato que o Espírito Santo esteja com a palavra, para lhe dar poder para converter a alma.

Quando eu ensinava seminaristas, eu lhes dizia que a qualidade deles como confessores estaria diretamente relacionada à sua qualidade como penitentes. Somente os pecadores que encontrassem a graça salvadora de Cristo no sacramento teriam a generosidade e a compaixão necessárias para serem confessores justos e misericordiosos.

Da mesma forma, somente os pregadores que se reconhecem resgatados do pecado e resgatados por Cristo teriam o bom senso de buscar a unção do Espírito Santo antes de abrir suas bocas.

Se nos encontrarmos à procura de técnicas, truques, novidades ou brilho para “vender” o Evangelho, faríamos bem em considerar se acreditamos ou não que Jesus de Nazaré é o Cristo de Deus. Devemos perguntar se realmente acreditamos que apenas a “porta estreita” leva à vida. É mais provável que pareçamos credíveis para os futuros convertidos se nós mesmos já estivéssemos convertidos a Cristo.

Tags:
evangelhoevangelizacao
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia