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A fascinante história do “Albergue de Deus” de Paris

Hôtel-Dieu de Paris

Xiquinho Silva | Flickr CC BY 2.0

J-P Mauro - publicado em 23/08/19

O Hôtel-Dieu de Paris é um dos hospitais mais antigos do mundo

Construído como um símbolo de caridade e hospitalidade, o Hôtel-Dieu de Paris (Albergue de Deus) é o mais antigo hospital de operações do mundo e um dos primeiros hospitais da Europa. Hoje, o Hôtel-Dieu é um extenso departamento clínico para pesquisa e tratamento de diabetes e doenças endócrinas, mas sua história começa na Idade Média.

O Hôtel-Dieu foi fundado por St. Landry de Paris em 651, ocasião em que era o único hospital da cidade. Como tal, o edifício atendia a região toda. Em seu início, o Hôtel-Dieu serviu tanto aos doentes como aos pobres, oferecendo comida e abrigo, bem como cuidados médicos. Seguiria essa tradição até o século 17, quando a elite da sociedade começou a criar instalações separadas para os pobres.

O Museu da Ciência relata que, no século XVI, o Hôtel-Dieu podia abrigar e atender a 3.500 pacientes, embora o prédio tivesse apenas 1.200 leitos. Os pacientes frequentemente tinham de dividir um dormitório com outras duas ou três pessoas.

Por volta de 1700, havia apenas oito médicos – um número grande na época; no entanto, havia cerca de 100 cirurgiões. Os oito médicos tinham a função de visitar cada paciente duas vezes por semana, o que significa que cada médico tinha de cuidar de cerca de 430 pacientes.

O edifício foi danificado pelo fogo em 1772, e não foi completamente restaurado até o reinado de Napoleão. Nesta época, provavelmente devido às contínuas campanhas militares de Napoleão, o Hôtel-Dieu ficou ainda mais sobrecarregado com pacientes, às vezes com 6 pessoas em um leito. Durante esse período, ganhou a reputação de ser o hospital mais insalubre e desconfortável da França, se não de toda a Europa.

Quando a Revolução Francesa aconteceu, vários outros hospitais foram construídos em Paris, o que permitiu ao Hôtel-Dieu limitar sua entrada de pacientes a um por leito. O hospital tornou-se mais confortável, mas como era a instalação médica mais central em Paris, recebia os casos mais urgentes de lesões acidentais. Isso fez com que a taxa de mortalidade do Hôtel-Dieu permanecesse alta.

Nos anos de 1800, uma segunda instalação foi construída para estender os esforços médicos do Hôtel-Dieu no lado oposto do Sena, ao lado da Catedral de Notre-Dame. Este edifício continua sendo o primeiro centro de atendimento a casos de emergência de Paris, com aproximadamente 350 leitos.

O Hôtel-Dieu foi administrado exclusivamente por freiras agostinianas por mais de um milênio, mas no século XVIII, os médicos assumiram em grande parte as tarefas médicas, e as freiras serviram mais como enfermeiras. As freiras agostinianas permaneceram no local até o início do século XX.

Mesmo que o Hôtel-Dieu não esteja mais sob a gerência da Igreja Católica, a influência católica no hospital permanece sempre presente em seu nome: o Albergue de Deus.

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