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A importância espiritual das lendárias viagens de Santa Maria Salomé à França e à Itália

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Rogier Van Der Weyden - Public Domain

Left to Right: Mary of Clopas, Saint John the Evangelist and Mary Salome

Philip Kosloski - publicado em 22/10/19

Para os cristãos medievais, uma conexão local com uma figura bíblica reforçou a realidade do Evangelho

Ao ler as lendas dos cristãos medievais, pode ser tentador desconsiderá-los como simplórios e fantasiosos. Por exemplo, por que eles inventaram histórias para fazer parecer que um personagem bíblico visitou sua pequena cidade?

Santa Maria Salomé é um excelente exemplo. Ela é mencionada nos Evangelhos algumas vezes e é conhecida como uma das “três Marias” que seguiram Jesus durante seu ministério público. Acredita-se também que ela se juntou a Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, para ungir o corpo de Jesus no sepulcro.

Embora geralmente seja esquecida pela maioria dos cristãos modernos por causa de seu papel menor, os cristãos medievais a viam como importante, pois ela tinha uma conexão direta com Jesus. Não há registros do que aconteceu com ela após a Ressurreição e é aí que as lendas locais procuram preencher a lacuna.

Uma lenda afirma que ela viajou para o sul da França para a cidade agora conhecida como Saintes-Maries-de-la-Mer, um nome que se refere às três “Marias” que visitaram tal cidade. As tradições locais ainda honram essa lenda e uma paróquia celebra sua festividade todos os anos a 22 de outubro.

Como alternativa, diz-se que ela viajou para Veroli, Itália, e passou o resto de sua vida proclamando o Evangelho naquela cidade. Uma igreja local foi construída em sua homenagem e ainda leva o nome de Santa Maria Salomé.

Para o cristão moderno, essas lendas são risíveis, mas a fé que essas histórias inspiraram não é. Para os cristãos medievais, essas lendas levaram o Evangelho à sua porta da frente. Reforçou para eles que o Evangelho era real e que esse caráter bíblico estava mais próximo deles do que eles imaginavam.

Em certo sentido, muitas das lendas contadas na Idade Média eram para fins de entretenimento, sendo a ficção a principal maneira de capturar a imaginação. Ao mesmo tempo, as lendas também eram usadas para comunicar verdades espirituais que, embora fossem historicamente “falsas”, faziam os ouvintes pensar em diferentes aspectos do Evangelho.

Essa também é uma das razões pelas quais os artistas medievais costumavam pintar as pessoas locais em várias cenas bíblicas. As pessoas que viam uma pintura da natividade sabiam muito bem que o rei local não estava presente no nascimento de Jesus, mas a incorporação de figuras locais ajudou a levar o Evangelho a tal cidade específica.

É difícil para o leitor moderno apreciar histórias que não têm todos os fatos históricos corretos, mas isso é principalmente um problema da imaginação moderna. Os cristãos medievais estavam mais preocupados com a profundidade de uma história do que com todos os fatos exatamente perfeitos. Quando eles contavam histórias na lareira, os detalhes nem sempre eram os mesmos, mas a verdade fundamental por trás de tudo era.

Embora Santa Maria Salomé possa nunca ter visitado nenhuma cidade europeia, a verdade por trás das lendas era que Maria Salomé era real, ela andou com Jesus e continua hoje conosco como membro da comunhão dos santos.

Na realidade, Maria Salomé agora não está mais confinada a um local físico e pode estar presente em todas as cidades do mundo. Ela provavelmente não andou fisicamente nessas cidades, mas agora pode fazê-lo de forma espiritual e também ficcional, de modo que nunca esqueçamos de sua importância.

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