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EUA congela importações de tabaco do Malaui por suspeita de trabalho infantil

VENEZUELA

Ruben Sevilla Brand | dpa Picture-Alliance/AFP

Agências de Notícias - publicado em 26/11/19

Uma pesquisa publicada em 2017 pelo Gabinete Nacional de Estatística revelou que mais de um terço (38%) das crianças de 5 a 17 anos do país se viam obrigados a trabalhar

Os Estados Unidos congelaram as importações tabaco do Malaui por suspeitas de trabalho infantil, um golpe duro e inesperado, que coloca em risco a principal fonte de renda deste país africano.

A notícia chegou sem avisos, através de um comunicado da aduana americana anunciando que os produtos que contêm tabaco procedentes do Malaui iriam ser “retidos em todos os pontos de entrada” do país a partir de 1 de novembro.

“As informações (…) sugerem que o tabaco do Malaui é produzido através de trabalho forçado, especialmente de crianças”, explica o comunicado.

Para os produtores malauiano, já debilitados pela queda da demanda mundial provocada pelas campanhas antitabaco, a decisão dos Estados Unidos foi como um balde de água.

“Estamos desconcertados”, explica Alick Yagontha, que cultiva tabaco há 20 anos em Rumphi (norte). “Entendemos que não poderemos mais vender nossas folhas (…) Não há futuro para o tabaco no Malaui”.

Segundo o Centro de Investimentos e Comércio (MITC) do Malaui, o tabaco representa a principal fonte de divisas (53%) de um dos países mais pobres do mundo e contribui para 25% de sua receita fiscal.

A venda de folhas da variedade Burley, da qual este país produz 6,6% do volume mundial, informou o 232 milhões de dólares em 2017, segundo o Banco Central.

As sanções dos Estados Unidos foram aplicadas no dia seguinte ao início de uma investigação por trabalho forçado contra a número um mundial do tabaco, British American Tobacco (BAT), em nome de 2.000 cultivadores do Malaui, dos quais centenas eram crianças.

– Prestação de contas –

Em uma carta dirigida à BAT antes da denúncia, o escritório de advocacia Leigh Day criticou um “enriquecimento injusto” graças ao trabalho de camponeses “muito mal pagos” e “que não têm outra opção que não fazer seus filhos trabalharem”.

“Já está na hora de as multinacionais que ganham a vida às custas de assalariados explorados prestem contas”, denunciou um dos advogados, Oliver Holland.

“Não toleramos nem recorremos ao trabalho infantil”, garantiu um porta-voz da empresa, Simon Cleverly, à AFP. “O bem-estar, a saúde e a segurança das crianças sempre são para nós de importância capital”, acrescentou.

Uma pesquisa publicada em 2017 pelo Gabinete Nacional de Estatística revelou que mais de um terço (38%) das crianças de 5 a 17 anos do país se viam obrigados a trabalhar, especialmente no tabaco.

“Às vezes, nossos membros acreditam estar fazendo a coisa certa sem saber que suas práticas envolvem o trabalho infantil”, reconhece Betty Chinyamunyamu, diretora da associação de pequenos produtores (NSFAM).

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