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A ovelha e a moeda perdida

Pastor com ovelha no presépio

ana erb | Flickr CC BY-NC-ND 2.0

Vanderlei de Lima - publicado em 26/12/19

"Cada alma humana valeu (e vale) nada menos do que o próprio sangue redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo"

O contexto no qual o Senhor Jesus conta essas parábolas (da ovelha e da moeda) é interessante: os fariseus, que se achavam puros, julgam o Senhor porque Ele recebe os pecadores e faz suas refeições com eles (cf. Lc 15,2). Ora, ante o legalismo farisaico, Cristo propõe a infinita misericórdia que alcança a cada ser humano realmente arrependido e o leva a superar os seus pecados com a graça divina.

  1. A ovelha desgarrada: Notemos que as duas parábolas são muito semelhantes, embora uma (a da ovelha) ocorra no campo e a outra (a da moeda) se dê na cidade.

Vejamos a primeira: um homem tem cem ovelhas e perde uma. Deixa as noventa e nove para buscar a que se perdeu e se alegra, com os amigos, por tê-la encontrado, assim como o Pai celeste se regozija por um só pecador que se converte. Alguns detalhes são, aí, importantes: a) cem ovelhas era um rebanho grande (quase incomum) na Palestina de então. Esse “exagero” da parábola reforça o interesse pela ovelha perdida (100/1); b) é o próprio dono quem cuida do rebanho e não um empregado. Esse dono é Jesus, o Bom Pastor; c) ter animais perdidos não era algo espantoso naquela região. Em Lc 14,5 já se fala no boi e no asno caído em uma fossa, daí também a procura do animal perdido ser uma atividade corriqueira, de modo que o Senhor Jesus indaga: qual dos seus ouvintes não deixaria a quase totalidade das ovelhas (99) para se colocar em busca daquela (1) transviada (cf. Lc 15,4)? É o amor de Deus. Cada uma dessas ovelhas tem o mesmo valor; d) no encontro da ovelha perdida é que se dá o gesto misericordioso, segundo Dom Estêvão Bettencourt, OSB: “Ao encontrar o animal desgarrado, o pastor não a pune nem censura, nem a obriga a caminhar, mas coloca-a sobre os ombros e leva-a para casa. Este traço é paralelo ao do pai do filho pródigo, que se atira ao pescoço do jovem e o abraça” (Parábolas e páginas difíceis do Evangelho, Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1991, p. 106); e) os amigos são chamados para a festa após o encontro, embora isso não fosse comum (sempre se perdiam animais), mas o Evangelho, por meio dessa parábola, usa do pastor e da ovelha para demonstrar o grande amor na alegria do reencontro entre Deus e os seus filhos; f) o Senhor ama a todos os seus filhos indistintamente: os próximos do pastor e aquele que se desgarra (a mãe cuida mais do filho doente que dos sadios e muito se alegra quando o enfermo sara); g) o pecador não é um ser estranho a Deus, mas tão somente um filho que se afasta do Pai e dos irmãos, mas sempre tem a chance de se converter. Ao fazê-lo merece festa e h) o pecado não tira o direito de alguém de ser filho de Deus, apenas o afasta momentaneamente do rebanho ou do caminho traçado pelo pastor. O Bom Pastor (Deus) sempre espera de braços abertos o retorno desse(a) filho(a).

  1. A moeda perdida: trata-se da história de uma mulher que tinha, em sua casa, dez moedas e perdeu uma, que poderia estar enrolada em um pano dentro de um vaso, como era costume na época. A casa, como várias daquele tempo na Palestina, devia ser baixa com uma simples janela que dava para uma ruazinha escura e estreita. Daí a necessidade, embora sendo dia, de que a dona da moeda acendesse a lâmpada e varresse a casa para encontrar o dinheiro perdido. Encontrou-o e, de alegria, chamou as amigas e vizinhas para comemorarem o importante fato.

É um caso semelhante ao da parábola anterior, desejosa de destacar a grande felicidade do encontro (há imensa alegria no céu pelo reencontro do que estava perdido, cf. Lc 15,10). A conversão de um pecador que volta aos caminhos do Senhor é sempre causa de festa no céu. Quer incutir a ideia de que todos têm valor único, por isso Deus não ama apenas de modo genérico, mas se alegra com o retorno de cada pessoa a Ele, como dá a entender o grande Apóstolo Paulo: “O Filho de Deus me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20 – destaques nossos). Tudo isso, longe de demonstrar individualismo, mostra que Deus é nosso Pai (cf. Mt 6,9), porém ama a cada filho(a) de um modo todo especial ou individual. Cada alma humana valeu (e vale) nada menos do que o próprio sangue redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo e isso é motivo de grande reflexão: que faço eu ao tomar conhecimento de tão grande herança divina: ser filho no Filho (cf. Gl 4,5)?

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