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Burkina Faso: ameaça jihadista está a criar “igreja de mártires”

Burkina Faso

OLYMPIA DE MAISMONT | AFP

Fundação AIS - publicado em 28/06/20

O número de ataques cresceu consideravelmente assim como as ameaças violentas contra as comunidades cristãs

A situação dos cristãos “é extremamente preocupante” no Burkina Faso assim como em praticamente toda a região do Sahel, afirma Rafael D’Aqui, especialista da Fundação AIS.

Segundo este responsável pelos projectos em África da fundação pontifícia, está a assistir-se a uma mudança estratégica por parte dos grupos jihadistas, tendo “transferido para o Sahel” o plano para a instalação de um Califado Islâmico. “E o seu objetivo – afirma D’Aqui – é eliminar todos os vestígios do Ocidente na região, isto é, educação, liberdade religiosa, e assim por diante…”

O Burkina Faso é apenas um dos países que constituem o chamado Sahel, uma faixa de território africano que vai desde a Mauritânia até à Eritreia. Por ser uma região com problemas comuns, cinco destes países juntaram-se no chamado G5 [Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade], tendo procurado encontrar respostas para os desafios que se colocam ao nível de segurança, luta anti-terrorista e combate ao tráfico de droga.

Para Rafael D’Aqui, o ano de 2019 veio confirmar a mudança estratégica que parece estar a ocorrer, com a concentração nesta região e nomeadamente no Burkina Faso, de importantes recursos por parte de grupos jihadistas. “Durante o ano de 2019, a Igreja no Burkina Faso foi abalada por terríveis ataques terroristas, transformando-se numa verdadeira ‘Igreja de mártires’”, diz o responsável da Fundação AIS [ACN, na sua designação internacional].

O número de ataques cresceu consideravelmente assim como as ameaças violentas contra as comunidades cristãs. Ameaças que se estenderam também ao Mali e Níger assim como aos países da região do lago do Chade, como é o caso dos Camarões, Nigéria e o próprio Chade.

Nesta região, sublinha Rafel D’Aqui, há um protagonista que sobressai: o Boko Haram. Este grupo islamita, que a comunidade internacional classifica como uma das mais sanguinárias organizações terroristas da actualidade, tem vindo a ganhar novos protagonismos, “usando novas estratégias de horror, como, por exemplo, cortar as orelhas das mulheres de uma aldeia como punição por não terem obedecido à sua ‘pregação’”.

Neste ambiente de perseguição e violência, e apesar das ameaças, a Igreja tem mantido uma presença constante junto das populações e assume, por isso, um papel de estabilidade absolutamente determinante.

Diz D’Aqui que, “apesar da intensa pressão exercida sobre a Igreja para tentar forçá-la a partir destas regiões de conflito, ela tem conseguido permanecer firme e continua a agir como único raio de luz e estabilidade nesta terrível situação”.

A Fundação AIS procurou, ao longo dos últimos meses, ajudar a manter viva esta presença missionária da Igreja. Durante o ano de 2019, foram apoiados directamente pela Ajuda à Igreja que Sofre 327 projectos nos países do Sahel, além de que foi desenvolvido um trabalho permanente de sensibilização das autoridades internacionais para os problemas com que se defrontam estes países, desde a ajuda humanitária até à defesa das populações vítimas de perseguição religiosa.

(Departamento de Informação da Fundação AIS)

Tags:
ÁfricaPerseguição
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