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Paquistão: jovem cristã em fuga após ter sido raptada está a ser ameaçada de morte

Maira Shahbaz

Fundação AIS - publicado em 06/09/20

A história desta jovem cristã é um exemplo da situação extremamente vulnerável das raparigas oriundas das minorias religiosas no Paquistão

A advogada de Maira Shahbaz denunciou à Fundação AIS que a jovem cristã, que está em fuga após ter sido raptada, tem sido “ameaçada de morte”, tendo solicitado, por isso, protecção policial.

Em declarações ao secretariado britânico da Fundação AIS, Sumaira Shafique afirmou ter pedido ao tribunal de Rawalpindi, na dependência do Supremo Tribunal de Lahore, que faça desencadear os mecanismos necessários para a protecção policial durante as 24 horas do dia para a jovem cristã e sua família, considerando como “credíveis” as ameaças.

A advogada avançou também com uma petição legal no sentido de cancelamento do alegado casamento e conversão de Maira ao Islão, pelo facto de ter ocorrido num ambiente de forte intimidação, tal como a Fundação AIS já noticiou.

“Não há dúvida de que a vida de Maira está em perigo, pois as pessoas neste país muçulmano não aceitarão o seu regresso ao cristianismo”, disse ainda Shafique. Sobre a localização da jovem, da mãe e dos irmãos, a advogada apenas afirmou que “estão todos escondidos”. “Precisamos de fazer tudo o que for possível para garantir que eles estejam em segurança ”, adiantou.

A história desta jovem cristã é um exemplo da situação extremamente vulnerável das raparigas oriundas das minorias religiosas no Paquistão. O seu calvário começou no dia 28 de Abril quando foi sequestrada perto de sua casa, em Madina Town, em Faisalabad, no Punjab, por Mohamad Nakash com a colaboração de dois cúmplices. Maira foi sequestrada, drogada e violada. Agora está em fuga.

O caso de Maira foi denunciado desde logo pela Fundação AIS, iniciando-se uma campanha para a libertação desta jovem cristã das garras do homem que a raptou. No final de Julho, a autoridade judicial do distrito de Faisalabad ordenou que ela fosse retirada da casa de Mohamad Nakash e colocada num abrigo para mulheres e meninas, aguardando aí e em segurança por novas investigações das autoridades.

Só que, poucos dias depois, a 4 de Agosto, o juiz Raja Muhammad Shahid Abbasi, do Supremo Tribunal de Lahore, revogou esta decisão confirmando inesperadamente a validade de um alegado casamento entre Maira e o seu raptor, afirmando ainda que a jovem se convertera ao Islão.

Sentindo-se só, desprotegida pela justiça e abandonada nas mãos do captor, Maira fugiu. Na última semana de Agosto, a jovem cristã conseguiu escapar da casa onde se encontrava e continua em fuga, na companhia da mãe, Nighat, e de três irmãos. Agora, segundo a sua advogada, está a ser ameaçada de morte.

Este caso tem semelhanças assustadoras com o de Huma Younus, outra jovem cristã sequestrada e forçada a casar com um muçulmano. Huma, raptada em Outubro do ano passado em Zia Colony, na cidade de Karachi, quando tinha também 14 anos de idade, foi violada, forçada a converter-se ao islão e a casar com o sequestrador, identificado como sendo Abdul Jabbar.

Os casos de Huma Younus e de Maira Shahbaz são exemplo da insegurança e da violência que caracterizam o quotidiano da comunidade cristã no Paquistão. Em Janeiro deste ano, de passagem por Lisboa, o Arcebispo de Lahore comentou o caso de Huma, lembrando que, só no ano passado, houve “cerca de uma centena” de sequestros de raparigas cristãs no Paquistão. “Sei que [Huma] foi raptada e depois foi violada”, afirmou então D. Sebastian Shaw à Fundação AIS.

Para o prelado, o sequestro de jovens raparigas “significa que alguma coisa está errada na sociedade”. Não há números concretos sobre esta realidade dramática, mas em relação ao ano passado, por exemplo, ano em que ocorreu o sequestro da jovem Younus, o Arcebispo de Lahore avançou com uma indicação genérica: “Não sei os números exactos, mas foram muitos, muitos casos. Talvez uma centena, talvez um pouco menos. Do Punjab, de onde eu venho, também houve casos e muitas [destas raparigas] são menores de idade”.

(Departamento de Informação da Fundação AIS)

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