O relatório, divulgado na quarta-feira, 16 de Setembro, é o resultado de quase três centenas de entrevistas com pessoas
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Um relatório das Nações Unidas divulgado na semana passada sobre a Venezuela aponta o dedo ao regime de Nicolás Maduro como sendo responsável por uma série de “violações dos direitos humanos”.
O relatório, divulgado na quarta-feira, 16 de Setembro, é o resultado de quase três centenas de entrevistas com pessoas que, de alguma forma, foram vítimas ou testemunhas de violência.
Os relatores afirmam estar convencidos de que “as autoridades venezuelanas e as forças de segurança planearam e executaram desde 2014 graves violações dos direitos humanos, alguns das quais – incluindo assassinatos arbitrários e o uso sistemático de tortura – constituem crimes contra a humanidade”.
Em resposta às acusações, Jorge Arreaza, ministro das Relações Exteriores da Venezuela – equivalente à pasta dos Negócios Estrangeiros –, afirmou, num texto publicado no Twitter, que o relatório está “infestado de falsidades”, foi “preparado à distância”, e não possui “qualquer rigor metodológico”.
Além da violência denunciada pelas Nações Unidas, a Venezuela atravessa também tempos difíceis no que diz respeito à situação económica. De dia para dia, a crise no país tende a agravar-se, como a Igreja Católica tem denunciado.
No final de Julho, o Bispo de San Carlos explicava, em declarações à Fundação AIS, que havia cada vez mais pessoas na pobreza absoluta. “A Venezuela entrou num período de fome”, disse D. Polito Rodriguez Méndez, cuja diocese fica situada a cerca de 250 quilómetros a sudoeste da capital, Caracas.
Segundo este prelado, “as coisas pioram todos os dias”, pois “a economia está paralisada, não há indústria nem trabalho na agricultura”. O resultado desta anemia reflecte-se no Produto Interno Bruto que, segundo D. Méndez, “está abaixo de zero”. “Os mais afectados são os mais pobres, os que não têm nada para comer e não tem possibilidade de levar uma vida digna.”
O relato do Bispo de San Carlos é explícito. “Tudo é ‘dolarizado’. Uma família ganha cerca de três ou quatro dólares por mês, mas uma caixa de ovos custa dois e um quilo de queijo três dólares… Antes, as pessoas eram pobres, agora não conseguem sobreviver…”
“Toda esta situação é muito deprimente, o número de suicídios aumentou”, diz ainda o prelado à Fundação AIS. “Como Igreja, fomos capazes de ajudar muito nos últimos anos. Apesar das limitações pessoais, não vamos deixar as pessoas sozinhas nesta terrível situação que estamos a atravessar.”
Para o Bispo, perante a dimensão do problema e a incapacidade revelada pelas forças políticas, a única ajuda real terá de vir do exterior. “Temos que buscar apoio internacional, não podemos fazê-lo sozinhos. Não há suprimentos, funcionários motivados, comida. O país está a desmoronar-se. Precisamos pedir ajuda humanitária internacional porque, caso contrário, não temos outra alternativa: ou morremos do coronavírus ou morremos de fome.”
A Fundação AIS lançou uma vasta campanha de ajuda de emergência em favor da Igreja venezuelana. Uma campanha que apela à generosidade dos benfeitores portugueses para com o povo deste país sul-americano onde residem milhares de compatriotas e suas famílias. O nome da campanha traduz esse espírito de entreajuda: “consigo damos vida a um país que está a morrer”.
(Departamento de Informação da Fundação AIS)