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Socorro! Não aguento mais as brigas entre meu marido e meu filho

OJCIEC Z SYNEM

fizkes | Shutterstock

Claire de Campeau - publicado em 22/10/20

O conflito surge naturalmente em todos os relacionamentos. Mas o que você fazer quando as discussões se tornam excessivas?

As discussões entre os membros da família são uma triste realidade em muitos lares. Brigas entre marido e filhos são, infelizmente, muito comuns. No entanto, isso acontece porque, à medida que os filhos crescem, os relacionamentos entre os membros da família podem dar voltas difíceis e afetar rapidamente o clima geral da casa.

Mas, como reagir quando seu marido e seu filho estão batendo cabeça?

Acostumada a relacionamentos familiares cheios de conflitos, Gwenola Desombre, uma conselheira matrimonial da França, falou à Aleteia sobre o assunto.

A família: todo um sistema de relacionamentos

Em vez de ficar presa no conflito, Desombre propõe que você reflita, então, sobre o que estaria causando as brigas. Vários cenários são possíveis.

Em primeiro lugar, tenha em mente que não nascemos pais: nos tornamos pais. No processo, inevitavelmente apelamos para o que já sabemos, que é nosso próprio relacionamento com nossos pais quando éramos crianças. Mesmo que tenhamos mudado, amadurecido e tomado decisões diferentes, nossa infância e nossas experiências guiam nossos papéis como pais. Eles, de fato, são nosso ponto de referência.

Motivo da briga: o filho-sintoma

Por outro lado, há também o fenômeno do “filho-sintoma”. Nesse caso, a relação entre os pais parece bastante pacífica. Entretanto, a crise entre o pai e o filho surge como uma revelação de outros problemas latentes entre os pais. Como exemplo, Desombre compartilha esta história:

Um pai me ligou uma vez para explicar que seu filho estava incontrolável no momento e perguntou se poderíamos marcar uma consulta. Eu tinha dado uma palestra na semana anterior no colégio do filho, e ele havia indicado ao pai que estava disposto a vir me ver. Então convidei os pais para virem com o filho. O filho chegou e sentou-se entre os pais, e perguntei se ele sabia por que estava ali naquele dia. “Sim, eu sei muito bem”, respondeu ele. “Você é uma conselheira matrimonial, certo? Você ajuda pessoas que têm relacionamentos tensos? Então eu vou deixá-los para você. Vejo você mais tarde”. Ele, então, se levantou e me deixou com seus pais, que concordaram em ficar para uma consulta e, de fato, tinham problemas conjugais para resolver …

Finalmente, os relacionamentos parentais ou familiares podem ser desequilibrados, por exemplo, pelo estresse, pelas tensões profissionais e até pela quarentena. Nesses casos, o filho pode querer estar presente no centro dessa tensão e encontrar seu lugar em um equilíbrio frágil. Um conflito leva a outro, o clima geral da família torna-se pesado para todos e o mais urgente é acalmar ou consertar o primeiro elo da corrente: os cônjuges.

As crianças precisam ser livres para serem elas mesmas

O vínculo entre pai e filho muitas vezes envolve certa rivalidade, consciente ou não. Para o pai, ver o filho crescer significa, de fato, ver-se envelhecer. O filho e o pai podem, então, entrar em uma espécie de competição mais ou menos implícita. A pressão cresce em ambos os lados e o culto social ao desempenho tem precedência, em detrimento do resto.

Relacionamento pai e filho

Por outro lado, é fascinante discernir a noção de um pai vivendo indiretamente por meio de uma criança. Existem expectativas legítimas que se pode ter para o filho, seja na escola, no esporte ou nos relacionamentos, por exemplo. No entanto, essas expectativas não podem vir às custas do adulto que está se desenvolvendo ou da criança ou do adolescente que não é e não pode ser uma cópia de seu pai.

O filho pode ter habilidades, aspirações ou temperamento diferentes dos do pai. É fundamental aceitarmos essas diferenças para distinguir claramente entre o que é essencial, como valores que são importantes para nós, e nossos próprios desejos e sonhos. Quando essa distinção é clara, um pai apaixonado por tênis pode ficar feliz em ver seu filho se destacar na música, por exemplo. Hereditariedade, portanto, não é clonagem. Uma criança não nasce para satisfazer os sonhos não realizados de seus pais.

Educação dos filhos e liberdade

Além de tudo isso, Gwenola Desombre destaca a importância da educação no uso da liberdade. Explicar nosso raciocínio para nossos filhos os torna muito mais compreensivos sobre nossas regras e dispostos a cumpri-los. Diz ela:

Uma criança não entende necessariamente todos os aspectos de uma obrigação, e uma boa comunicação pode mudar tudo. Deixar muito implícito requer que a criança adivinhe nossas expectativas e intenções: explicar-lhes as razões de uma regra ou proibição pode permitir que aceitem melhor.

Uma criança, tanto quanto um adolescente, precisa ser capaz de se expressar no coração de sua família.

Um pai é o primeiro modelo de seu filho. “O jovem aprende pelo exemplo”, lembra-nos a conselheira. O famoso ditado “Faça o que eu digo, mas não o que eu faço” não é uma forma eficaz de educar uma criança. Um exemplo simples é o uso do telefone celular. Se o pai olhar para o smartphone durante o jantar em família, ou sistematicamente deixar a mesa para atender ligações, por mais importantes que sejam, o filho provavelmente terá dificuldade em deixar o próprio telefone de lado. As regras devem ser consistentes para todos.

Devo intervir nas brigas entre meu marido e nosso filho?

Na verdade, como cônjuge você não pode mudar o relacionamento deles. No entanto, pode trabalhar individualmente para melhorar o relacionamento do seu marido com seu filho.  Como resultado, consequências positivas podem se refletir no relacionamento que seu marido tem com seu filho.

Essa recomendação, de fato, indica à mãe o papel único que ela desempenha na família e o lugar que dá ao marido na família. Pequenas frases como “Espere até seu pai chegar em casa!” revelam delegação de autoridade ao marido e pode prejudicar a relação pai-filho.

Os papéis do pai e da mãe devem, portanto, ser discutidos regularmente entre eles à medida que os filhos crescem. O casal como pais é fruto do casal como cônjuges, Por isso é de vital importância cuidar do casamento e alimentá-lo ao máximo, sem focar excessivamente nas brigas entre pai e filho.

Entretanto, se os conflitos persistirem, a ajuda externa pode ser inestimável. Procure, um psicólogo, terapeuta ou conselheiro conjugal, por exemplo. Existem muitos recursos disponíveis que podem ajudar a acalmar o ambiente familiar. Aceitar ajuda e orientação, de fato, pode ser um belo modelo de humildade para nossos filhos.

Lidar com as brigas nos ajuda a crescer

Um pai cresce como pai à medida que seu filho cresce. Porém, não existe um modelo perfeito; todo pai precisa adaptar sua maneira de educar ao filho à sua frente. Geralmente, isso acontece com uma mistura de admiração, imitação e, às vezes, medo. A pressão, no entanto, não deve ser muito forte nem para adulto, nem para a criança.

Se levar a uma mudança positiva e a uma resolução pacífica, o conflito, de fato,  não é necessariamente negativo. Certamente, o segredo para ligar com ele é uma boa comunicação e a consideração acerca da individualidade de cada pessoa.

Enfim, a complexidade de cada pessoa contribui para tornar essa tarefa educacional tão difícil quanto estimulante.


ST BENEDICT,BOYS FIGHTING

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