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No país há 40 anos, missionário testemunha crise política e sanitária da Venezuela

VENEZUELA

Caritas Polska

Francisco Vêneto - publicado em 21/06/21

O sacerdote conta que a pandemia agravou a crise social, econômica e política na Venezuela, descrevendo-a como extremamente grave

Há 40 anos naquele país, um missionário suíço testemunha a crise política e sanitária da Venezuela: o pe. Angelo Treccani, que trabalha na paróquia de El Socorro, no estado de Guarico, relatou a dramática situação da população local em matéria publicada pelo Vatican News.

Contando que a pandemia agravou ainda mais a situação social, econômica e institucional, o sacerdote a descreve, em resumo, como extremamente grave.

Crise política e sanitária da Venezuela

Alguns aspectos que o pe. Angelo comenta:

  • Narrativa ideológica: o missionário afirma que o regime venezuelano “convenceu muitas pessoas de que a culpa por esta situação é inteiramente dos Estados Unidos”. Ele acrescenta que, quando chegou ao país, “ninguém estava passando fome e o sistema de saúde funcionava”. Esta realidade deixou de existir sob o regime chefiado por Nicolás Maduro, que é formalmente considerado ditatorial por grande parte dos governos democráticos da atualidade.
  • Falta consciência civil: o pe. Angelo acrescenta que “infelizmente há uma falta de consciência cívica e política: o voto não deve ser dado apenas com base em promessas feitas na campanha eleitoral”.
  • Crise econômica tem múltiplos fatores: embora afirme que é falso atribuir a responsabilidade pela crise venezuelana inteiramente aos Estados Unidos, como tenta fazer crer a ditadura de Nicolás Maduro, o missionário também afirma que as severas restrições financeiras decorrentes do bloqueio econômico internacional afetam, sim, a população local. O pe. Angelo cita, por exemplo, o bloqueio de “recursos monetários e metais preciosos” que a Venezuela havia depositado nos Estados Unidos, no Reino Unido e em Portugal. No entanto, ele também recorda que parte da grave crise da Venezuela se deve à irresponsável dependência que o país manteve dos preços do petróleo, sobre o qual se baseia a maior parte do sistema econômico do país que já foi o mais próspero da América Latina.
  • Pagamento de vacinas foi bloqueado por banco suíço: o missionário comenta ainda que a Venezuela está acusando o banco suíço UBS de ter bloqueado arbitrariamente os últimos pagamentos do país ao consórcio Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O banco alega estar investigando esses recursos. Esta situação torna ainda mais confuso o cenário já ruim da vacinação contra a covid-19 no território venezuelano.
  • Há carência de praticamente tudo: o sacerdote relata que faltam alimentos e remédios e acrescenta que “nada mais funciona: 80% das pessoas não comem normalmente”. Ele testemunha que todos os dias recebe pedidos de ajuda porque os salários de poucos dólares por mês não chegam perto de bancar as necessidades básicas. Devido a isso, uma das iniciativas de caridade cristã e ação social em que ele está engajado é uma fazenda “que produz de tudo” e na qual “estamos ensinando as pessoas a produzirem o que necessitam para não terem que comprar, porque todos os produtos são muito caros”.
  • Apesar de tudo, a fé resiste: ao finalizar, o padre afirma que a fé está sustentando o povo venezuelano: “Eles se confiam a Deus e não se desesperam”. O missionário até compara: “Nos países do bem-estar, as pessoas reclamam muito mais”.

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