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A natureza do homem e sua busca pelo melhor

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Vitor Roberto Pugliesi Marques - publicado em 15/08/21

Caso o homem siga na direção de Deus, que é a direção correta, encontrará a plena resposta à sua sede de perfeição e eternidade

Está na natureza do ser racional, ou seja, do homem, desejar o que lhe parece melhor. Essa premissa é facilmente percebida no nosso cotidiano. 

Vejamos, por exemplo, um homem rico. Não se verifica que, a despeito de habitar no maior dos palácios, ele sempre busca mais riquezas e novos bens? De modo semelhante, não são inúmeros os professores universitários que, apesar dos seus vários títulos acadêmicos, buscam novas honrarias? Não importa o que tenhamos, o desejo de ter mais percorre o nosso coração. O que mais almejamos é aquilo que nos falta!

Coração sempre faminto

Vai nos ensinar, todavia, São Bernardo de Claraval, ilustre monge cisterciense, que “o nosso coração, cedendo aos vários e enganosos encantos mundanos, fadiga-se inutilmente, em sua corrida e nunca chega a se satisfazer; está sempre faminto, e o que já consumiu não vale para nada em comparação com o que ainda resta para comer; é muito mais atormentado pelo desejo daquilo que lhe falta do que pela satisfação do que tem” (cf. São Bernardo de Claraval. Tratado sobre o Amor de Deus. São Paulo: Paulus, 2015, p. 46-47). E acrescenta ainda um adendo estarrecedor como conclusão desse entendimento: “não se pode ter tudo, e o pouco que se tem só se adquire ao preço do trabalho, só se desfruta disso com temor, e existe a dolorosa certeza de perdê-lo um dia, ainda que se ignore quando será esse dia” (idem, p. 47).

O exímio monge não parece concluir nada de diferente do que é encontrado nas Sagradas Escrituras. Refletindo sobre o trabalho, o livro de Eclesiastes vai abrir suas páginas dizendo: “Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? Uma geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste. O sol se levanta, o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida se levanta de novo” (Ecl 1,2-5). Ou seja, o homem trabalha neste mundo incansavelmente, movido pelo desejo intrínseco de ter sempre o melhor, entretanto, ao final, não alcança a perfeição que tanto almeja, aproveita com temor o pouco que tem, e com a sua morte a órbita do mundo e a existência das coisas não sofre qualquer modificação. Que triste o destino humano! 

Direção de Deus

Ao que tudo indicaria, Deus deixou no homem um “defeito de fábrica”, ou seja, deixou nele um desejo imenso pelo perfeito e pelo perpétuo, sendo que este não é alcançável. Ou, pode-se pensar, por outro lado, que Deus deixou o homem “de mãos abanando”, pois lhe deu o desejo do infinito, mas não lhe disponibilizou os meios para alcançar esse anseio. Entendendo que Deus é perfeito, nenhum nem outro raciocínio é correto, obviamente. E São Bernardo nos explica onde está o erro: está no procurar em várias direções e não na direção correta! Vai nos ensinar que: “consomem-se em esforços vãos e não chegam a uma consumação feliz, porque estão mais apaixonados pelas criaturas do que pelo Criador e, dirigindo-se a todas elas, experimentam-nas uma após outra, antes de pensar em experimentar o Senhor que as criou todas” (idem, p. 48). Caso o homem siga na direção de Deus, que é a direção correta, encontrará a plena resposta à sua sede de perfeição e eternidade.

A sentença final de São Bernardo sobre a questão é ainda mais luminosa. Dirá que “lá tendo chegado [em Deus] apreciariam por fim o repouso, porque não se pode encontrá-lo alhures, não se sente necessidade de ir além” (idem, p. 48). 

Tenhamos, assim, sempre em mente que só em Deus encontra-se a perfeição que almejamos e a resposta para todos os anseios do coração do homem. Deste modo, busquemos viver o que nos ensina São Mateus: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furam e roubam. Ajunteis para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furam nem roubam” (Mt 6,19-21). 

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