Pelo menos 3 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas porque apenas protestaram contra a retirada da bandeira nacional
A suposta “tolerância” do Talibã durou menos de 24 horas.
Em inesperada entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, 17, um porta-voz do grupo fundamentalista islâmico, Zabihullah Mujahid, havia afirmado que o novo regime respeitaria os direitos humanos, inclusive o das mulheres de estudar e trabalhar, e que não haveria violência nem vingança contra opositores, buscando-se garantir a reconciliação nacional. “Não queremos que o Afeganistão seja um campo de batalha”, chegou a dizer o porta-voz.
O palavreado, porém, não resistiu à primeira manifestação crítica aos talibãs.
Na cidade de Jalalabad, um grupo de manifestantes protestou porque o Talibã retirou a bandeira nacional do Afeganistão de um monumento local e a trocou pela sua própria. Boa parte dos moradores não gostou da mudança e foi às ruas para pedir que a bandeira do país fosse respeitada.
No lugar do discurso de “moderação” que os talibãs haviam encenado na véspera, os membros do grupo extremista presentes em Jalalabad espancaram manifestantes e deram tiros contra a multidão. Pelo menos 3 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas – números que, em meio ao caos que se vive no país, são muito pouco confiáveis.
O jornal The New York Times informou que o protesto havia reunido centenas de manifestantes na principal rua comercial da cidade, munidos da bandeira do Afeganistão.
Os talibãs começaram atirando para o alto na tentativa de dispersar a multidão, mas os manifestantes se mostraram firmes em continuar o protesto. Foi quando a repressão se tornou violenta, colocando em xeque a narrativa dos líderes extremistas de que, desta vez, o regime respeitaria o próprio povo.
Foram registrados protestos também na cidade de Khost, no sul do Afeganistão.