Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quinta-feira 28 Setembro |
São Simão de Rojas
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

Pecado grave de ministros ordenados na pandemia

église munich allemagne

Picture-Alliance via AFP

Photo prise dans une église de Munich. En Allemagne, les offices publiques sont de nouveau autorisés.

Vanderlei de Lima - publicado em 13/12/21

Tudo isso é muito sério. Rezemos em reparação a esse pecado e peçamos também que ele jamais se repita

Membros da hierarquia da Igreja têm apontado o pecado grave de bispos que, na pandemia da Covid-19, negaram, de modo duro e prolongado, os sacramentos aos fiéis a eles confiados. Não poucos filhos da santa mãe Igreja se viram, de um momento para outro, órfãos de parte de seus ministros ordenados.

Sim, órfãos, pois, quando mais precisaram – para si ou para seus entes queridos – da Confissão sacramental, da Unção dos Enfermos, da Eucaristia ou mesmo de exéquias, no auge da pandemia, encontraram, não raras vezes, igrejas fechadas e ministros ordenados ausentes. Isso não passou despercebido ao Pe. Yoannis Gaidum, secretário do Santo Padre, o Papa Francisco, que fez a seguinte constatação:“Na epidemia do medo em que estamos todos vivendo, devido à pandemia do coronavírus, corremos o risco de nos comportarmos mais como assalariados do que como pastores. Penso nas pessoas que certamente abandonarão a Igreja, quando este pesadelo acabar, porque a Igreja as abandonou quando estavam em necessidade” (Catolicismo n. 841, janeiro de 2021, p. 35).

Afirmação muito séria, mas real. Com efeito, parecia até que o Evangelho fora distorcido para dizer: “Buscai primeiro tudo o que for material e o Reino de Deus virá por acréscimo” (cf. Mt 5,33) ou “Temei o que mata o corpo, não se importe com a alma” (cf. Mt 10,28). Nesse triste quadro, enquanto – para ficar apenas com dois exemplos – médicos e demais destemidos profissionais da área da saúde deixavam suas casas e corriam para os hospitais ou para outras entidades sanitárias e membros das forças de segurança permaneciam nas ruas, parte dos filhos ordenados da Igreja se escondia e, por conseguinte, deixava o Povo de Deus sem sacramentos na hora em que mais precisavam. Os cuidados sanitários foram e são necessários, mas o pecado está – como na vergonhosa negação de Pedro (cf. Mt 26,69-75) – em supervalorizar esta vida e menosprezar a eterna.

É São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja, quem bem reflete sobre o pecado de São Pedro: “O apóstolo amava o seu Mestre e era incapaz de renegá-lo; porém, agora tratava-se de separação ou morte. A primeira condição era-lhe dolorosa; todavia, não tanto como a segunda. E assim, contra a sua vontade e apenas para escapar à morte, renegou o seu Senhor. Possuía, portanto, duas vontades opostas: uma para escapar à morte, que nada tinha de censurável; a outra para permanecer leal ao seu Mestre, digna de todos os encômios. Onde estava, pois, a sua falta? Pecou ao pretender salvar a vida com uma falsidade, e ao preferir a vida do corpo à da alma. Não que odiasse ou desprezasse o seu Mestre, mas amava-se a si próprio excessivamente, e a súbita emoção do medo não gerou, mas somente manifestou aquele amor vicioso” (Ailbe J. Luddy. São Bernardo de Claraval. São Paulo: Cultor de Livros, 2016, p. 248-249 – itálico nosso).

Mais: no dia 5 de dezembro último, o site Religión en Libertad publicou uma entrevista do cardeal Gerhard Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, na qual este afirma que a atitude de suspensão das funções sacras de alguns prelados, na pandemia, é pecaminosa. Diz ele: “É contrário à lei divina se o acesso aos meios de graça da Igreja, ou seja, aos sacramentos de Cristo, é obstaculizado ou mesmo proibido pelas autoridades estatais. Que inclusive os bispos tenham fechado suas igrejas ou negado os sacramentos às pessoas que buscam ajuda é um pecado grave contra a autoridade que Deus lhes deu. Esta é uma prova impactante de até que ponto a secularização e descristianização do pensamento já chegou aos pastores do rebanho de Cristo”. 

E continua: “Os bispos, como sucessores dos apóstolos, não são governantes segundo os caminhos do mundo, mas ministros da Palavra e ministros da graça de Cristo. Algo diferente é a observância de regras razoáveis ​​para prevenir a transmissão da doença. Mas isso não pode ser utilizado para justificar a rejeição dos sacramentos por princípio. Porque a graça da vida eterna deve prevalecer sobre os bens temporais”.

Tudo isso é muito sério. Rezemos em reparação a esse pecado e peçamos também que ele jamais se repita!

Tags:
BisposCovidPandemiaPecado
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia