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Bispo ameaçado de morte: “não tenho medo; com Deus estou firme”

Dom Rubén Darío Jaramillo Montoya, Bispo ameaçado de morte

Francisco Vêneto - publicado em 09/02/22

"Não me interessa a minha vida, mas a de toda a comunidade. O que menos vou fazer é me trancar ou fugir. Estou à frente de uma comunidade que precisa de alguém que fale"

Dom Rubén Darío Jaramillo Montoya, bispo ameaçado de morte na Colômbia, declarou à agência de notícias ACI Prensa que não tem medo das ameaças porque está firme com Deus.

Sua diocese, Buenaventura, sofre com a violência, o narcotráfico e o crime organizado. Nesta segunda, 7 de fevereiro, a Conferência Episcopal da Colômbia (CEC) prestou apoio a dom Rubén mediante mensagem de vídeo:

“Estamos muito preocupados com a vida de dom Rubén Darío Jaramillo, bispo de Buenaventura. Ele, como bom pastor e carregando no coração a dor de seu povo, denunciou o que está acontecendo lá: o quanto os criminosos armados foram cruéis com a população da região. E como ele teve a coragem, a valentia profética de denunciar o que está acontecendo lá, agora ele é a vítima. Eles o proibiram de chegar perto de regiões da sua própria diocese. Ele não pode ir a certos lugares”.

Em declarações à ACI Prensa, dom Rubén reforçou:

“Não tenho medo porque aquele que está com Deus está firme. Não me interessa a minha vida, mas a de toda a comunidade. Não tenho medo, continuo caminhando nas ruas, indo de um lugar a outro. O que menos vou fazer é me trancar ou fugir. Estou à frente de uma comunidade que precisa de alguém que fale, que levante a voz, e continuaremos com a proteção de Deus e a proteção do Estado colombiano.

Agora, mais do que nunca, são necessárias pessoas que possam ajudar a encontrar um horizonte para esta situação difícil que toda a população de Buenaventura está vivendo. Estamos passando por uma onda de violência terrível na zona rural, onde [os criminosos] estão furiosos: na área de Naya, em San Juan e Bajo Calima, em Cisneros, que é a entrada natural de veículos. Em todos os acessos há homens fortemente armados assustando a população e prejudicando a vida das pessoas”.

De fato, no fim de janeiro, pelo menos 700 pessoas fugiram de “intimidações e ameaças de homens armados” identificados como integrantes das Autodefesas Gaitanistas da Colômbia, ou Clã do Golfo. Segundo o jornal El Colombiano, o primeiro grupo de onze famílias indígenas deslocadas chegou à capital regional em 20 de janeiro, enquanto mais 60 famílias chegaram no dia seguinte, todas por causa da violência em Buenaventura.

Em dezembro passado, dom Rubén teve de cancelar uma viagem a Bajo Calima, onde iria presidir cerimônias de crisma, porque o pároco local lhe telefonou com urgência pedindo que ele não fosse: havia homens ligados ao narcotráfico “perguntando insistentemente quando o bispo iria chegar”. Os adolescentes crismandos tiveram que ser levados à capital regional para receber o sacramento.

O mesmo alerta foi dado ao bispo por várias outras pessoas mesmo antes de dezembro. Ele comenta que suas denúncias “incomodam algumas pessoas poderosas que querem que [a situação local] fique em silêncio. Eles não deixam ninguém denunciar. Nós, que nos atrevemos a fazê-lo, corremos esse tipo de risco”.

Em 4 de fevereiro, o bispo teve de pedir um helicóptero cedido pelas autoridades para poder abençoar a cidade de Buenaventura do alto e pedir o fim da violência e da pobreza. Não foi a primeira vez que ele teve de recorrer a esse recurso, já usado em 2019 para exorcizar a cidade após um estupro seguido de assassinato de uma criança de 10 anos pelo próprio tio.

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