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Deus promete-nos o “ser”, não o “ter”

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Pe. Luigi Epicoco - publicado em 17/03/22

A vida eterna é ver a realização do nosso verdadeiro ser, mesmo agora Deus está ao nosso lado na descoberta da nossa identidade, que não depende, de forma alguma, do que temos

O surpreendente sobre a história de Lázaro e do homem rico do Evangelho de hoje é precisamente o paradoxo da ilusão daqueles que pensam que o verbo “ter” é melhor do que o verbo “ser”. O homem rico identifica-se tanto com os seus bens que até perde a sua identidade, e é por isso que o seu nome nem sequer é mencionado. O homem pobre, por outro lado, que não tem posses, tem algo mais importante, um nome, uma identidade, um verbo “ser”. Ele é precisamente Lázaro. Deus é Aquele que promete defender ao extremo o nosso verbo “ser”.

Ele não nos promete posses, mas promete fazer-nos ser nós próprios até ao fim, para além da vida que nos foi destinada a viver. A vida eterna é ver a realização do nosso verdadeiro ser. O inferno é o prolongamento desta falta, o tormento de ter perdido a única coisa que importa. Mas tudo depende das nossas decisões atuais. E para podermos decidir fazer a coisa certa, não precisamos de sinais extraordinários, precisamos apenas de fazer funcionar a nossa mente e o nosso coração. É por isso que Abraão recusa o pedido do homem rico de enviar Lázaro para convencer os seus irmãos, que ainda estão vivos, a converterem-se:

Disse-lhe Abraão: “Eles têm Moisés e os profetas: que os oiçam”. Mas ele insistiu: “Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão”. Abraão respondeu-lhe: “Se não dão ouvidos a Moisés nem aos profetas, também não se deixarão convencer se alguém ressuscitar dos mortos”».

Desta forma, Jesus quer dizer que a sua vida, morte e ressurreição não são uma imposição, mas uma provocação à nossa liberdade. Perante o testemunho de Cristo, podemos decidir compreender ou podemos insistir em viver de forma contrária. Tudo depende de nós, não daqueles que nos devem convencer.

Evangelho segundo São Lucas 16,19-31. 

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias.
Um pobre chamado Lázaro jazia junto do seu portão, coberto de chagas.
Bem desejava ele saciar-se com os restos caídos da mesa do rico; mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas.
Ora, sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado.
Então, ergueu a voz e disse: “Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas chamas”.
Abraão respondeu-lhe: “Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida, e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado.
Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo”.
O rico exclamou: “Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna,
pois tenho cinco irmãos, para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento”.
Disse-lhe Abraão: “Eles têm Moisés e os profetas: que os oiçam”.
Mas ele insistiu: “Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão”.
Abraão respondeu-lhe: “Se não dão ouvidos a Moisés nem aos profetas, também não se deixarão convencer se alguém ressuscitar dos mortos”».

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