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Recordando Monsenhor Nilo (I)

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Pascal Deloche / GODONG

Vanderlei de Lima - publicado em 24/04/22

Soube eu da existência desse abnegado sacerdote aos seis anos de idade, época em que, junto de minha saudosa mãe, ouvia diariamente o seu programa pela Rádio

Há tempos, estou devendo um artigo a respeito do Monsenhor Nilo Romano Corsi, zeloso sacerdote que chegou a Pedreira (SP), em 1955, e aí permaneceu até o seu falecimento em 2010.

Não desejo retratar, de momento, a trajetória desse homem de Deus, pois isso já foi feito por Priscilla Raggio no livro Monsenhor Nilo Romano Corsi, fonte de sabedoria, de 106 páginas ilustradas. Meu objetivo é bem menos audacioso. Pretendo apenas tentar relatar alguns dos meus encontros com o Monsenhor Nilo, geralmente para discutir temas relevantes da vida da Igreja e da sociedade em geral.

Soube eu da existência desse abnegado sacerdote aos seis anos de idade, época em que, junto de minha saudosa mãe, ouvia diariamente o seu programa pela Rádio Cidade de Pedreira, por volta das 11 horas da manhã.

O tempo passou e, em 1996, prestando importante prova, acertei uma das questões de Língua Portuguesa graças ao Monsenhor Nilo. Explico-me: no programa radiofônico a que me referi, o Monsenhor dava uma bênção para as residências dos ouvintes e, em certo momento, falava: “Que as paredes desta casa estejam impregnadas de vossa presença, ó Senhor”, ou algo muito semelhante.

Pois bem, a prova que fiz tinha uma questão formulada mais ou menos assim: “Em qual das alternativas abaixo o prefixo in não indica negação?” e elencava as alternativas: inábil, inapto, impregnado, impossível, ingrato etc. Lembrei-me do querido “Padre Nilo” – assim também ele era conhecido – e assinalei “impregnado”, que significa cheio e, portanto, não indica negação.

Meses depois, numa conversa, contei-lhe o fato. Ele me olhou, com aquela serenidade que sempre o acompanhava, e, com sua voz pausada, respondeu: “Olha nego. Viu como sirvo para ajudar alguém em alguma coisa?”.

Encontro marcante

Devo dizer, contudo, que um dos encontros mais marcantes que tive com o Monsenhor foi, em 1997, em sua casa. Ele comemorara naquele ano seu jubileu de ouro sacerdotal, mas eu não pude participar, então o visitei depois. Queria também nessa visita tratar com ele um tema espinhoso que, embora cada vez mais comum em nossa sociedade, se mostrava preocupante e capaz de perder muitas pessoas na alma e no corpo: era a chaga da prostituição.

Em resumo, o caso era o seguinte: a partir de duas localidades bem específicas da região, se desejava formar uma rede clandestina de prostíbulos, algo que, como se vê, era sério, mas ninguém tinha bem certeza de nada, e quem, talvez, sabia de pormenores não abria a boca, por medo ou por envolvimento direto com a coisa.

Discutimos o assunto e o zeloso Monsenhor, com a sagacidade que lhe era própria, agiu rápido para desmantelar o problema. Atuou sem alardes, mas fazendo o que devia ser feito e, com confiança em Deus pela intercessão materna de Nossa Senhora, venceu a sementeira de pecados contra o 6º e o 10º mandamentos da Lei de Deus.

Além da sua fé inabalável, Monsenhor Nilo sabia também, no campo político, fazer a coisa certa, na hora certa e sem atropelos. Com sabedoria, ele trabalhava incansavelmente e – mais do que isso – trabalhava para vencer o mal com o bem, buscando apoio em fontes seguras e deixando para nós, que o acompanhávamos, a certeza de que após a sua passagem ficavam as arestas podadas e os caminhos aprumados.

Essa lição (e que lição!) dada por Monsenhor Nilo me fez confiar ainda mais nele como um porto seguro nas horas decisivas do meu caminhar, mas isso deixarei para a próxima semana, se Deus quiser.

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