Markus Moura, brasileiro, 41 anos. Este é o artista responsável por um grande desafio: dar forma à maior imagem de Jesus Cristo do mundo. E ela já está pronta: é o Cristo Protetor de Encantado, no Rio Grande do Sul.
O trabalho no sul do Brasil começou em 2020. Markus teve que assumir a obra iniciada pelo pai, o também escultor Genésio Moura, que ficou doente no início dos trabalhos.
Aliás, o dom para a escultura em cimento foi passado de pai para filho. Genésio foi responsável por executar várias esculturas famosas no Brasil, entre elas, alguns personagens do parque do Beto Carrero, em Santa Catarina.
Pai e filho começaram a trabalhar juntos, até que Markus pegou gosto pela arte. A primeira obra foi o Cristo de Elói Mendes, MG. “Depois disso, comecei a me especializar em Cristo. Fiz Cristo em Sertãozinho, SP, Joaquim Felício, MG, na Fazenda Santa Catarina, no Paraná”, lembra Moura.
O Cristo Protetor de Encantado
De fato, para escultor, o Cristo Protetor de Encantado foi o mais importante da carreira dele. O monumento tem 37,5 metros de altura e 39 metros de envergadura dos braços, que é a distância de dedão a dedão.
Trata-se de uma obra realista. Os mais observadores podem ver detalhes como os fios da barba, os riscos dos olhos, os movimentos da túnica. “Eu procuro dar vida às esculturas, ao olhar. Vou me inspirando e dando forma ao cimento. Eu me inspiro na natureza. E, no Cristo de Encantado, me inspirou muito a região, o vale, o vento, o frio. Tudo isso contribuiu para que eu desse vida ao Cristo”, revela o artista
O trabalho de Moura neste monumento começou pelo rosto de Jesus, a parte que demandou mais de um mês de dedicação exclusiva e a que o escultor considerou mais desafiadora. “Eu não podia errar no rosto dele. Tinha que ser um rosto sereno, jovial, aparentemente com 33 anos. Então, com a ajuda do meu pai eu consegui. Eu ligava para ele e ele dizia: Markus, o que você acha de fazer assim ou desse outro jeito? Mesmo na cama, meu pai me ajudava. Graças a ele, o Cristo ficou com este rosto bonito. O pessoal gostou muito”, afirma o escultor.
“O Cristo nos protegeu”
O artista lembra que, durante as obras, não houve nenhum acidente. “Ninguém se machucou, ninguém foi parar no hospital. A energia durante o trabalho era muito boa. O Cristo nos protegeu”, exclama Moura, que foi batizado na Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas afirma não seguir nenhuma religião atualmente, embora acredite muito em Deus.
Cristo Protetor X Cristo Redentor
O Cristo Protetor de Encantado é maior do que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Mas o escultor diz que não cabe nenhum tipo de comparação entre os monumentos:
“São obras totalmente diferentes. O Cristo do Rio de Janeiro é da década de 1930, é uma das Sete Maravilhas do Mundo. É estilizado, não é realista. É perfeito! E levou nove anos anos para ser construído. O nosso Cristo levou dois anos para ser construído. Não tem comparação, cada um com a sua beleza”.
Cristo de bondade
A obra do Cristo de Encantado projetou mundialmente o nome do escultor Markus Moura. Como resultado, ele, inclusive, já recebeu convites para trabalho em vários países. Mas para ele, o mais importante é o que o sua obra vai significar para as pessoas.
“Eu espero que este Cristo possa trazer bondade, que as pessoas possam olhar para este Cristo e se lembrar de Deus, um Deus poderoso, independentemente de religião”.
Após o término do trabalho, o escultor doou as ferramentas que utilizou na obra (uma faquinha, uma colher e uma desempenadeira) para que a associação que administra o empreendimento possa colocá-las em um museu ou encaminhar para leilão.
O Cristo Protetor de Encantado fica em um complexo turístico que ainda não foi inaugurado. Entretanto, já é possível visitar o monumento.
Clique na galeria abaixo e veja como ficou a maior estátua de Cristo do mundo.
