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Patriarcado russo critica o tom adotado pelo Papa Francisco em entrevista

Patriarcha Cyryl

AP/Associated Press/East News

I. Media - publicado em 05/05/22

Ao jornal Corriere della Sera, Francisco afirmou que o patriarca Kirill, líder da Igreja Ortodoxa da Rússia e aliado de Putin, 'não pode se tornar coroinha' do presidente russo

O Patriarcado de Moscou lamentou o “tom incorreto” usado pelo Papa Francisco em sua entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, no dia 3 de maio de 2022. Em uma declaração publicada em 4 de maio, o patriarcado afirma que as declarações do pontífice “não eram suscetíveis de contribuir para o estabelecimento de um diálogo construtivo entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Russa, o que é particularmente necessário neste momento”.

Em sua entrevista ao diário italiano, o pontífice falou sobre a videoconferência de 40 minutos que teve com o patriarca russo Kirill em 16 de março. Este último, segundo o Papa, havia dedicado os “primeiros vinte minutos” de sua conversa à leitura de “todas as justificativas” para a guerra.

“Eu escutei e disse a ele: eu não entendo nada disso. Irmão, não somos clérigos do Estado, não podemos usar a linguagem da política, mas a de Jesus. Somos pastores do mesmo povo santo de Deus. Para isso devemos buscar caminhos de paz, para um cessar-fogo de armas. O Patriarca não pode se transformar no coroinha de Putin”, disse Francisco na entrevista.

A visão de Kirill

O patriarca russo Kirill alega que compartilhou com o Papa, durante aquela reunião, seu “ponto de vista sobre a difícil situação” e insistiu no fato de que os dois homens “viviam em campos de informação diferentes”. O russo mencionou “certos fatos” para os quais ele queria chamar sua “atenção”.

Em particular, ele se referiu ao assassinato de ucranianos de língua russa na sequência da Revolução Laranja em 2014 por “certos grupos nazistas”. Esta foi uma referência à morte de 42 pessoas mortas em um ataque incendiário a um prédio em Odessa, depois de brigas entre movimentos pró-russos e pró-ucranianos em 2 de maio daquele ano.

Ele também se referiu à promessa feita à Rússia “de que a OTAN não se moveria um centímetro para o leste”, que não foi cumprida e teria criado uma “situação muito perigosa”. A adesão dos Estados Bálticos, explicou ele, coloca as fronteiras da OTAN a 130 km de São Petersburgo, ou seja, “a alguns minutos” de distância para um míssil.

Kirill quer evitar “uma nova escalada”

Kirill teria concluído seu discurso dizendo que estava “profundamente” ferido pela situação, considerando que suas “ovelhas” estão “em ambos os lados do conflito”. Ele também observou que “algumas” das pessoas envolvidas pertenciam ao “rebanho” do pontífice.

Deliberadamente ignorando o “componente geopolítico”, ele então perguntou ao Papa como os dois homens e suas igrejas poderiam influenciar “o estado de coisas” para permitir “paz e justiça”, insistindo na necessidade de evitar “uma nova escalada”.

A nota do patriarcado lembra que, após a reunião, ficou sublinhada “a importância excepcional do processo de negociação em andamento”.

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