Quinta-feira, 12 de Maio
1 – Sacerdote francês investiga abusos russos na Ucrânia
2 – A preocupação dos católicos e ortodoxos na Lituânia
3 – “Pontifexit”: o papado moderno rompe com o Ocidente
4 – No Sri Lanka, padres e religiosos tomam as ruas
5 – Uma interpretação teológica dos romances de Stephen King
1 – Sacerdote francês investiga abusos russos na Ucrânia
O padre Patrick Desbois é um sacerdote católico francês que é atualmente diretor do Babi Yar Memorial em Kiev. Há já algum tempo que vem acumulando provas contra soldados russos culpados de crimes de guerra. Para tal, recolhe, via Zoom, registros de execuções sumárias, testemunhos de vítimas de violação e agressão, bem como de pessoas cujos familiares foram feridos ou mortos pelos soldados de Vladimir Putin. As testemunhas comprometem-se a falar abertamente, fornecendo dados pessoais, a sua verdadeira identidade, número de telefone, endereço de correio electrónico, etc. “Estas são pessoas que desejam de todo o coração que os assassinos sejam julgados”, explica o Padre Desbois, que não tem medo de estabelecer um paralelo entre estes massacres e os perpetrados pelos nazistas contra os judeus nesta mesma região em 1941. Foi após as repercussões da descoberta de valas comuns em Boutcha que o padre francês embarcou nesta vasta missão. “Há muitos casos como o de Boutcha, infelizmente”, acrescenta, expressando a esperança de que estes testemunhos sejam utilizados em futuros processos judiciais internacionais.
Il Messaggero, italiano
O Estado báltico, que faz fronteira com o enclave russo de Kaliningrado, sente-se particularmente ameaçado pela agressividade do regime de Putin. A maioria da população da Lituânia é católica, mas existe também uma minoria ortodoxa afiliada ao Patriarcado de Moscou. Mas em Vilnius, os 120.000 ortodoxos querem romper com as garras do Kremlin. “Condenamos firmemente a guerra da Rússia contra a Ucrânia e rezamos a Deus pela sua rápida conclusão”, disse o Metropolita Inocêncio, assumindo o seu desacordo com o Patriarca Kirill sem considerar juntar-se ao rebanho do Patriarca de Constantinopla, como solicitado por alguns clérigos ortodoxos. Pelo seu lado, o episcopado católico está preocupado que os lituanos se tornem “as próximas vítimas” de Putin, e denuncia a “guerra híbrida já em curso”, nomeadamente através da pressão migratória na fronteira bielorrussa.
Settimana News, italiano
3 – “Pontifexit”: o papado moderno rompe com o Ocidente
Massimo Faggioli, historiador e académico da Igreja nos Estados Unidos, explica como o papado do Papa Francisco está “a deixar para trás a sua identificação com o Ocidente”, no que ele chama um “Pontifexit”, referindo-se à saída do Reino Unido da União Europeia. O historiador explica que esta é uma tendência que começou com a rejeição da guerra nuclear pelo Papa João XXIII em 1963 e continuou fortemente sob o comando de Bento XVI, que eliminou o título de “patriarca do Ocidente” dos títulos atribuídos ao pontífice. No entanto, o autor argumenta que o Papa Francisco foi muito mais longe. “Francisco fê-lo de um ponto de vista eclesiástico e teológico, enfatizando a descentralização, a inculturação e as periferias. Mas ele também o fez de um ponto de vista geopolítico, e isto tem sido muito visível desde o início do seu pontificado”, explica o académico italiano, citando a avaliação do Papa Francisco sobre a tensão entre a OTAN e a Rússia na guerra na Ucrânia. “A questão já não é se o catolicismo e o papado se tornarão menos europeus e mais globais. [A questão é como o papado global se relacionará com uma multiplicidade de potências mundiais e com as suas narrativas conflituosas de legitimação religioso-política”, conclui o autor.
La Croix International, inglês