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Os “falsos perdões” que impedem a reconciliação do casal

MARRIAGE

Olena Yakobchuk - Shutterstock

Marzena Devoud - publicado em 09/09/22

Na vida conjugal o amor sem conflito é uma doce ilusão. A regra de ouro é buscar o perdão, a fim de que as frustrações não se transformem em bombas-relógio...

A vida de um casal, por trás de um belo sorriso, às vezes esconde fragilidades que esmaltam o cotidiano de um e de outro. São desentendimentos, discussões e aborrecimentos que irrompem, arrastando os cônjuges para um certo isolamento. 

Todos os casais, mais cedo ou mais tarde serão confrontados com a questão do perdão, seja por uma pequena indelicadeza ou uma ferida muito mais profunda. E nunca é tarde demais para perdoar. “Mesmo que o desejo de perdoar às vezes se depare com emoções como raiva, desejo de vingança ou exasperação. Mesmo que o caminho possa ser mais ou menos longo e árduo, dependendo das feridas e dos recursos internos de cada um, o perdão é acessível a todos. Todos têm a oportunidade de trilhar o caminho do perdão”, explica Mathilde de Robien, autora de Se pardonner, chemins de réconciliation pour les couples (“Perdoar: caminho de reconciliação para casais”) e jornalista da Aleteia.

“Falsos perdões”

Se há perdões pequenos e grandes, ordinários e extraordinários, há também os “falsos perdões”. Ao querer perdoar rápido demais ou pela metade, perdemos o perdão real. Não recebemos seu poder libertador, aquele que nos permite recriar o relacionamento, reconstruir o vínculo rompido, restaurar a confiança. “O conflito permanece aberto, não resolvido e é material para uma nova disputa. Velhos desentendimentos, rancores e decepções podem ressurgir mais tarde e distorcer o relacionamento do casal, enquanto o problema pode ser resolvido no presente”, continua Mathilde de Robien. 

Mas, concretamente, como são esses “falsos perdões”? Abaixo, a autora os explica.

1Perdão “trompe l’oeil”

O perdão trompe-l’oeil sistematicamente minimiza ou nega o erro ou a injúria. Acontece com todos. É o famoso “OK, tá perdoado, vamos mudar de assunto”. Mas, na verdade, a pessoa não quer reconhecer a mágoa, e permanecer em negação não permite o perdão pleno e sincero. A absolvição, portanto, não é possível para aquele que pede perdão.

2Perdão magnânimo

Aqui está um “falso perdão” que desculpa tudo, não importa o “valor” do mal praticado ou da injúria. “Sim, ele me traiu com uma amiga, mas errar é humano. Além disso, foi em um contexto particular. Qualquer um poderia ter caído nessa”. Esse excesso de benevolência não corresponde à gravidade da situação e não permite que a verdade seja dita.

3Perdão devedor

Outro falso perdão é o perdão “devedor”, que não apaga completamente a ofensa. Esse tipo de perdão deixa o outro em dívida com o ofendido. “Eu te perdoo, mas terei dificuldade em esquecer o que aconteceu”. Esse perdão pela metade, um dia, voltará à mesa.

4Perdão heroico

Esse falso perdão é egocêntrico: não precisa do pedido de perdão do ofensor para perdoar. Ele está acima de tudo, inclusive do ofensor. É o conhecido “passei a esponja”, que significa: “Não preciso de você, nem do seu remorso, o herói sou eu.”

5Perdão arrogante

Finalmente, há o perdão “arrogante”. É o: “Eu sou muito melhor que você, eu te perdoo”. Muitas vezes, a pessoa se sente humilhada e se defende da vergonha de ter sido traída ao infligir isso ao outro.

Perdão, caminho para uma nova luz

Ao contrário do que acontece com os “falsos perdões”, perdoar é definitivamente “rasgar a página em que se registrou com má-fé ou raiva a conta devedora do próximo”, disse o padre Henri Caffarel. É mudar o olhar para adotar um olhar de amor. 

Para São Paulo, o perdão é parte integrante do amor cristão. É essencial em qualquer relacionamento normal entre duas pessoas que se amam.

“É maravilhoso poder dizer a nós mesmos que, falhos, finitos e imperfeitos, somos criados à imagem de Deus e, portanto, capazes de perdoar. Temos essa capacidade, como seres humanos, de empreender um caminho de reconciliação para renovar nosso amor pelo outro”, conclui Mathilde de Robien.

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