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A primeira capela do mundo dedicada a São José

São José por El Greco

El Greco | Public Domain

São José e o Menino Jesus, por El Greco

Francisco Vêneto - publicado em 19/10/22

Um marco histórico em que, finalmente, a errônea imagem de um José ancião cede espaço ao José jovem, forte e protetor

A primeira capela do mundo dedicada a São José foi erigida na cidade espanhola de Toledo, graças à influência de Santa Teresa de Ávila, grande devota do pai adotivo de Jesus.

De fato, a santa carmelita registrou um impactante depoimento sobre como São José jamais lhe negou nenhuma graça suplicada. Confira o testemunho neste artigo:

O convento de São José em Toledo

Santa Teresa de Ávila, também venerada como Santa Teresa de Jesus, fundou na Espanha 17 conventos carmelitas, dos quais nada menos que 11 foram dedicados por ela a São José. E um deles foi o convento das carmelitas descalças de São José em Toledo, no qual, aliás, a fundadora escreveria grande parte do seu clássico livro sobre as “Moradas” ou o “Castelo Interior”, considerado uma das mais importantes e profundas obras de mística da Igreja Católica.

A comunidade carmelita descalça desse convento acabou depois se mudando para outro local, mas a família de Zayas, proprietária do edifício em Toledo, resolveu manter ali a devoção a São José mediante a construção de uma capela independente do convento.

Foi assim que surgiu a primeira capela do mundo dedicada a São José.

A pintura de São José por El Greco

Era em torno do ano 1600 e a família confiou a pintura dos três altares da capela a ninguém menos que El Greco, o pintor mais famoso da época – o próprio altar principal seria dedicado a São José.

Particularmente relevante é como a figura do santo esposo de Nossa Senhora começou ali a ser representada.

De idoso a jovem

Até esse período, São José costumava ser pintado na arte cristã como um idoso, mas já fazia séculos que a Igreja vinha resgatando a sua real figura mediante os estudos dos Padres da Igreja e de concílios como os de Constança e Trento. O vigor e a força de São José foram destacados, por exemplo, pela pregação de São Bernardino de Sena, que o destacava como maior até que os apóstolos.

A pintura de São José realizada por El Greco no retábulo central da capela de São José em Toledo é uma das primeiras e mais impactantes representações de um santo jovem e humildemente protagonista, ao lado de Maria e de Jesus, e não um figurante secundário.

Simbolismos

O esposo da Virgem Santíssima e pai adotivo do Filho Encarnado de Deus é representado por El Greco como um homem forte, grande, protetor, que se projeta sobre um fundo tormentoso na paisagem toledana.

De túnica azul e com um manto amarelado, ele traz em uma das mãos o cajado que o representa como pastor espiritual da Sagrada Família e, com a outra mão, acolhe o Menino Jesus, vestido de vermelho em prefiguração da Santa Paixão.

O Menino parece buscar refúgio no pai adotivo enquanto tem o rosto voltado à frente, como quem observa algum perigo do qual será protegido por aquele homem forte a quem reconhecia como papai.

El Greco tem entre as características mais marcantes do seu estilo o chamativo alongamento das suas figuras, o que, no caso de São José, cai especialmente bem porque destaca ainda mais a sua grandeza e relevância.

Coroas de rosas, lírios e louros

Na parte superior do quadro, três anjos lhe trazem coroas de rosas, lírios e louros:

  • as rosas representam a pureza de São José e de Nossa Senhora e o seu amor sublime pelo Menino Jesus;
  • os lírios são símbolos da sua castidade;
  • e os louros, que eram entregues aos vencedores nas corridas e aos reconhecidos como doutores, representam São José como um autêntico Doutor da Igreja, referência máxima em entendimento profundo e plena adesão ao Plano de Deus, no mais eloquente e inspirador dos silêncios contemplativos.

Tags:
ArteHistória da IgrejaJesusNossa SenhoraSão José
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