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“O Brasil ocupa um lugar especial no coração do Papa”, disse Bento XVI em visita ao país

Bento XVI celebra Missa em Aparecida em 2007

AFP

Bento XVI celebrou Missa na parte externa do Santuário de Aparecida em maio de 2007

Ricardo Sanches - publicado em 02/01/23

Os discursos e os momentos mais importantes da viagem apostólica que marcou o papado de Bento XVI

Dia 9 de maio de 2007: uma data que ficou registrada de forma especial no papado de Bento XVI. Foi naquela tarde que ele chegou ao Brasil, especificamente, a São Paulo. Era a primeira jornada de Bento XVI para fora da Europa e sua primeira viagem apostólica à América Latina.

Nos cinco dias que passou no Brasil, Bento XVI se reuniu com os jovens, canonizou um santo, deu declarações contundentes e pôde sentir o apoio das multidões de católicos brasileiros que o acompanharam em cada compromisso público.

Em seu primeiro discurso no país, o pontífice declarou:

“O Brasil ocupa um lugar muito especial no coração do Papa não somente porque nasceu cristão e possui hoje o mais alto número de católicos, mas sobretudo porque é uma nação rica de potencialidades com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda a Igreja”.

Do aeroporto de Guarulhos, Bento XVI foi para o Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, onde ficou hospedado. Uma multidão o aguardava no local. E ele não decepcionou. De uma cabine de vidro instalada na fachada do mosteiro, o Pontífice saudou os fiéis:

“Esta acolhida tão calorosa comove o Papa! Obrigado, por terem querido aguardar-me.

Estes dias para todos vocês e para a Igreja estarão cheios de emoções e de alegrias.

É uma Igreja em festa! De todos os cantos do mundo estão rezando pelos frutos desta Viagem, a primeira Viagem Pastoral ao Brasil e à América Latina que a Providência me permite realizar como Sucessor de Pedro!”

O recado de Bento XVI aos jovens

Na quinta-feira, 10 de maio de 2007, o principal compromisso de Bento XVI, foi um encontro com cerca de 40 mil jovens no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

O pontífice assistiu a apresentações artísticas e religiosas e ouviu jovens brasileiros e de outros países falarem um pouco da realidade que eles enfrentavam.

Em seu discurso, o Papa Bento afirmou:

“Vós, jovens, não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade, como uma espécie de fuga do presente. Pelo contrário: vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada.”

O Papa também fez um apelo aos jovens:

“Não desperdiceis vossa juventude. Não tenteis fugir dela. Vivei-a intensamente. Consagrai-a aos elevados ideais da fé e da solidariedade humana.”

Celebração na Catedral da Sé

No terceiro dia da visita, Bento XVI se encontrou com 400 bispos na Catedral da Sé, em São Paulo. No compromisso com os clérigos, abordou a questão da perda de fiéis para outras religiões:

“As pessoas mais vulneráveis ao proselitismo agressivo das seitas – que é motivo de justa preocupação – e incapazes de resistir às investidas do agnosticismo, do relativismo e do laicismo são geralmente os batizados não suficientemente evangelizados, facilmente influenciáveis porque possuem uma fé fragilizada e, por vezes, confusa, vacilante e ingênua, embora conservem uma religiosidade inata.”

O pontífice ainda recomendou aos bispos:

“Trata-se efetivamente de não poupar esforços na busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem sobre Jesus Cristo, através de uma pastoral da acolhida que os ajude a sentir a Igreja como lugar privilegiado do encontro com Deus e mediante um itinerário catequético permanente.”

No mesmo dia, Bento XVI celebrou uma missa para 1,2 milhão de pessoas no Campo de Marte, em SP, e canonizou Frei Galvão – o primeiro santo nascido no Brasil.

O Papa em Aparecida

A visita à comunidade terapêutica “Fazenda Esperança”, em Guaratinguetá, SP, esteve na agenda do quarto dia da jornada Bento XVI no Brasil. De lá, o Santo Padre foi para a cidade de Aparecida. No seu primeiro compromisso na “capital da fé”, rezou o terço e se encontrou com sacerdotes, seminaristas, diáconos, religiosos e religiosas. Bento falou sobre vocação, evangelização e, no final do encontro, rezou:

“Mãe nossa, protegei a família brasileira e latino-americana! Amparai, sob o vosso manto protetor, os filhos dessa Pátria querida que nos acolhe, Vós que sois a Advogada junto ao vosso Filho Jesus, dai ao Povo brasileiro paz constante e prosperidade completa, concedei aos nossos irmãos de toda a geografia latino-americana um verdadeiro ardor missionário irradiador de fé e de esperança, fazei que o vosso clamor de Fátima pela conversão dos pecadores, seja realidade, e transforme a vida da nossa sociedade. E vós que, do Santuário de Guadalupe, intercedeis pelo povo do continente da esperança, abençoai as suas terras e os seus lares. Amém”.

A Conferência de Aparecida

Ainda em Aparecida, Bento XVI celebrou uma Missa para mais de 150 mil pessoas na parte externa do Santuário Nacional. Depois, em 13 de maio, participou da abertura da V Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho. Aliás, a Conferência de Aparecida foi um dos principais motivos da visita de Bento XVI ao Brasil.

No evento, o Papa alemão se referiu à América Latina como o “continente da esperança”, e condenou “formas de governo autoritárias”:

“Na América Latina e no Caribe, assim como em outras regiões, caminhou-se rumo à democracia, embora haja motivos de preocupação diante de formas de governo autoritárias ou sujeitas a certas ideologias que se julgavam ultrapassadas, e que não correspondem à visão cristã do homem e da sociedade, como nos ensina a Doutrina Social da Igreja.”

Ainda sobre o aspecto político-social da América Latina e do Caribe, o Pontífice afirmou:

“As estruturas justas têm que ser procuradas e elaboradas à luz dos valores fundamentais, com todo o empenho da razão política, econômica e social. São uma questão da recta ratio e não provêm de ideologias nem das suas promessas. Certamente há um tesouro de experiências políticas e de conhecimentos sobre os problemas sociais e econômicos, que evidenciam elementos fundamentais de um Estado justo e os caminhos que devem ser evitados.”

Bento XVI ainda declarou que o povo do continente tem direito à “vida plena”:

“Os povos latino-americanos e caribenhos têm direito a uma vida plena, própria dos filhos de Deus, com condições mais humanas: livres das ameaças da fome e de todas as formas de violência. Para estes povos, os seus Pastores têm que fomentar uma cultura da vida que permita, como dizia o meu Predecessor Paulo VI, “passar da miséria à posse do necessário, à aquisição da cultura, à cooperação no bem comum… até chegar ao reconhecimento, por parte do homem, dos valores supremos e de Deus, que é a origem e o termo deles” (cf. Populorum progressio, 21).”

Despedida

Sacerdotes, bispos e cardeais que acompanharam Bento XVI pelo Brasil foram unânimes em dizer que o Papa ficou demasiadamente feliz com as manifestações de carinho com que foi recebido no país. Em sua despedida, ele próprio afirmou:

“Na minha memória ficarão para sempre gravadas as manifestações de entusiasmo e de profunda piedade deste povo generoso da Terra da Santa Cruz que, junto à multidão de peregrinos provindos deste Continente da esperança, soube dar uma pujante demonstração de fé em Cristo e de amor pelo Sucessor de Pedro. Peço a Deus que ajude os responsáveis, seja no âmbito religioso que no civil a imprimir um passo decidido àquelas iniciativas, que todos esperam, pelo bem comum da grande Família Latino-Americana.”

Na galeria abaixo, você pode conferir um resumo da visita de Bento XVI ao Brasil através de imagens.

Bento VI voltaria ao Brasil em 2013 para participar da Jornada Mundial da Juventude, mas renunciou antes.

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