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Bento XVI assassinado e outras fake news que surgiram após a morte do Papa Emérito

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The body of Pope Emeritus Benedict XVI

Antoine Mekary | ALETEIA

Luis Santamaría - publicado em 04/01/23

Pequenos grupos fazem barulho na internet ao difundir notícias falsas sobre a morte de Bento XVI. O que está por trás desse comportamento?

Imediatamente após a morte de Bento XVI, teorias bizarras sobre o que teria acontecido ao Papa Emérito se espalharam como um incêndio nas redes sociais, inclusive entre grupos ditos católicos.

São explicações conspiratórias, que, apesar de suas irracionalidades e contradições, conseguem certa popularidade em círculos reduzidos e críticos ao papado de Francisco.

De fato, as redes sociais servem como um inevitável alto-falante para poder divulgar ideias que, por sua falsidade, não encontrariam eco na mídia séria. Estamos errados em abordá-las aqui? Não, pois o objetivo deste artigo é mostrar seu caráter ridículo e a falta de bom senso.

O assassinato do Papa Emérito

Segundo algumas falsas notícias, o Papa Emérito Bento XVI teria sido assassinado. O que para muitos poderia constituir um curioso argumento para um romance dedicado às intrigas vaticanas (ao estilo Dan Brown), é apresentado como realidade (desejada?) por alguns.

Se as informações fornecidas pelo Vaticano falam de uma morte natural, o melhor a fazer – para tais grupos – é procurar outra causa na morte de Joseph Ratzinger. Com base no dogma da conspiração de que tudo o que a mídia nos conta é falso, a primeira hipótese sobre a morte de Bento XVI é que ele teria sido assassinado.

E por quê? Como veremos mais adiante, essas ideias estão sendo difundidas principalmente por pessoas que nunca reconheceram o Papa Francisco. Assim, os partidários do pontífice anterior falam em um um plano arquitetado para destruir a “sombra incômoda” do Papa Emérito sobre o Papa reinante.

Bento XVI não morreu

Outra teoria que circula nas redes sociais é que Bento XVI – a quem os autores deste boato consideram “o último Papa” – não teria morrido, e tudo isso seria uma simulação. Isso porque os autores dessas notícias falsas o consideram o último obstáculo à chegada do Anticristo ao mundo, segundo seus cálculos apocalípticos.

Neste contexto, “a sinagoga” que iria dominar o Vaticano (observe aqui o tom anti-semita desta ideologia) queria acelerar tudo, e por isso fizeram toda uma “montagem” para simular a morte de Bento XVI. Essa estratégia teatral teria sido lançada recentemente ao mostrar o declínio físico do Papa Emérito e, por fim, sua morte.

Mas seria tudo uma farsa e uma manipulação, já que, segundo os sinistros personagens que difundiram esta hipótese, tanto o terceiro segredo de Fátima como as (falsas) profecias da Maria Divina Misericórdia falariam da morte de Bento XVI fora de Roma. O enterro que vai acontecer, então, serviria para sepultar um falso Papa, não o verdadeiro Ratzinger.

Adaptar a realidade a uma ideia preconcebida

“Não tenho provas de tudo isto”, diz um divulgador desta teoria da conspiração, “mas Bento não morreu, porque tem de se cumprir a parte mais importante da profecia de Fátima, e outras profecias que indicam que o Papa morre fora de Roma, e antes disso devem se confirmar teologicamente outras profecias”.

Isso demonstra qual é o procedimento usual das teorias da conspiração: o que importa não é a verdade, mas a própria convicção. E caso não concordem com a verdade, ela é descartada e tida como fato falso, manipulações ou simulações.

Chegaram ao extremo ridículo de tentar “demonstrar”, com as primeiras fotos do cadáver de Bento XVI divulgadas pela Santa Sé, que não se trata do corpo do pontífice alemão, mas de outra pessoa.

Muitas teorias mais fantasiosas foram levantadas, como a de que Bento XVI já teria morrido em 2019 e nos anos seguintes teria sido substituído por um sósia. É aí que entra a irracionalidade.

O que está por trás?

Os grupos e pessoas que difundem essas teorias – e outras – se revelam quando, por exemplo, chamam a atual Igreja Católica de “a Falsa Igreja Bergogliana”. São grupos que nunca aceitaram a legitimidade do Papa Francisco, a quem se referem com todo tipo de desqualificações. 

Para eles, Bergoglio – a quem não costumam chamar pelo nome que ele escolheu como Pontífice – seria uma farsa, um impostor ou mesmo “o falso profeta” que precederia a chegada do Anticristo. Com a morte de Bento XVI, que seria para eles “o último verdadeiro Papa”, o fim dos tempos seria desencadeado.

Em um canal do Telegram que conta com milhares de seguidores, o administrador escreveu poucas horas após a morte de Ratzinger: “O Papa está morto. O assento está vago. Tempos ruins estão chegando.” E acrescentou: “Como estivemos sozinhos! Deus nos ajude!” 

Como se vê, o desprezo por Francisco combina-se com uma visão muito negra da realidade.

Um apelo ao bom senso

Como sempre, um apelo ao bom senso é urgente para todos. E, especificamente para os fiéis, deve-se acrescentar uma sã experiência religiosa que inclua fé e razão. A fé perde sua essência e se torna demoníaca quando cai na irracionalidade – algo que Bento XVI repetiu ao longo de seu ministério.

Os católicos confiam que Cristo é quem assume o leme da Igreja. O testamento espiritual do Papa Emérito deixa bem claro o seu legado: “Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir!”

Porque, apesar dos erros e pecados da Igreja e dos seus pastores, “Jesus Cristo é realmente o caminho, a verdade e a vida — e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é realmente o Seu corpo”.

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