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“Com Chiara, rimos até o fim”: os últimos momentos de Chiara Corbella

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© Cristian Gennari

Aline Iaschine - publicado em 21/09/23

Padre Vito d'Amato compartilhou com a Aleteia as lembranças de Chiara Corbella Petrillo e a alegria que marcou seus últimos meses na terra


O processo de beatificação de Chiara Corbella Petrillo foi aberto no dia 21 de setembro de 2018. Poucos meses antes, ela havia sido proclamada Serva de Deus pelo Cardeal Angelo de Donatis. Durante a sua vida, Chiara (1984-2012), uma jovem italiana, viveu situações muito difíceis com o seu marido Enrico. Eles enfrentaram a morte dos seus dois primeiros filhos logo após o nascimento. Durante a terceira gravidez, ela foi diagnosticada com câncer, mas recusou certos tratamentos para proteger a vida do terceiro filho. Francesco nasceu com perfeita saúde em maio de 2011. Chiara começou, então, a quimioterapia, mas a doença persistiu e não curou. Ela morreu em 2012, aos 28 anos, deixando um testemunho de amor ao próximo e de auto-sacrifício. 

A Aleteia conheceu o diretor espiritual de Chiara, Padre Vito d’Amato. Ele esteve presente nos momentos mais importantes da vida dela. Na verdade, foi ele quem celebrou o casamento de Chiara e Enrico, batizou os três filhos e celebrou o seu funeral.

Aleteia: Padre Vito, pode nos dizer como está o processo de beatificação de Chiara Corbella Petrillo?
Padre Vito d’Amato: Em 2018, Chiara foi proclamada Serva de Deus. Ela poderá ser proclamada Venerável se suas virtudes heróicas forem reconhecidas. Poderá, então, ser proclamada Beata se um milagre também for reconhecido. Estamos agora na última parte da fase diocesana. Depois deveremos passar para a chamada fase “romana”, ou seja, a fase do Vaticano.

Como o senhor conheceu Chiara e como se tornou seu diretor espiritual? 
Conheci Chiara em 2006. Ela veio para um dos nossos cursos para jovens na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis. Eu a conheci numa confissão e foi quando ela me escolheu como seu diretor espiritual.

O senhor pode nos contar sobre a vida de fé de Chiara? 
Chiara percorreu o seu caminho de fé graças à renovação carismática. Desde a infância aprendeu a rezar e a ter um relacionamento diário com a Virgem Maria e com Cristo. Mas durante o seu noivado com Enrico, ela não encontrou mais as respostas que procurava na renovação carismática. Ela, então, entrou em contato conosco, com os irmãos, e com a espiritualidade franciscana. Ela realmente se apegou a essa espiritualidade e foi uma virada para ela. Chiara começou a se entregar completamente a Deus. Em um carta ao filho, ela citou diversas vezes São Francisco. Ela disse que São Francisco mudou sua vida. É também por isso que ela chamou seu filho de Francesco.

Com Chiara, rimos até o fim. Ela nos fez rir mesmo nos momentos dramáticos.

Chiara também fez várias peregrinações. Ela se ligou, entre outros lugares, a Medjugorje. Quando criança, ela ouviu falar das outras crianças que falavam com a Virgem Maria e ficou impressionada com esta relação tão direta que poderia ser estabelecida entre elas e a Virgem. Ela conheceu Enrico em Medjugorje, e, quando tinha dúvidas ou momentos de crise, apegava-se a este marco, pois atribuiu o presente deste homem à Virgem Maria. Mesmo quando soube de sua doença, ela organizou uma peregrinação a Medjugorje com todos os seus amigos e parentes. A intenção de todos era pedir à Virgem Maria a graça da sua cura, mas a intenção de Chiara era pedir à Virgem que pudéssemos compreender qual era a vontade de Deus.

Qual é a sua melhor lembrança de Chiara e Enrico? 
Lembro-me de muitas conversas e situações em que compreendemos a obra de Deus através de Chiara. Principalmente na sua última noite: ela estava feliz, via a sua vida realizada, era como se tivesse encontrado o seu lugar na história da Salvação. Vê-la feliz assim foi um grande privilégio para mim. Os últimos dois meses de Chiara foram o Paraíso: através dela o provamos e continuamos a saboreá-lo, mesmo nos acontecimentos mais difíceis e dolorosos daqueles últimos dois meses. Vivíamos como se estivéssemos em outra dimensão. Cada momento foi precioso.

Como explicar a alegria de Chiara, apesar do seu grande sofrimento?
Chiara sentia muitas dores porque seu corpo estava cheio de metástases. Ela estava totalmente consciente de sua situação, mas no final explodiu em uma alegria incrível. Ela abraçou a todos e disse: “Eu te amo! Que graça o Senhor nos deu! Como é lindo o que estamos vivenciando!” Com Chiara, rimos até o fim. Ela nos fez rir mesmo nos momentos dramáticos. 

Ela entendeu que só unindo-se a Cristo poderia superar esse sofrimento.

Naqueles momentos, ela sentia a presença de Deus, de Cristo. Ela também queria que eu estivesse lá para orarmos. Ela entendia que só unindo-se a Cristo poderia superar o sofrimento. Enrico, um dia antes de sua morte, perguntou-lhe: “Esta cruz é realmente doce?”. E Chiara respondeu: “Sim, ela é muito doce”. 

O marido dela, Enrico, como ele viveu essa situação?
O noivado e o nascimento dos filhos uniram cada vez mais Chiara e Enrico e o momento da doença ainda mais. Enrico sofreu, mas um dia disse: “Se Chiara vai para Aquele que a ama mais do que a mim, por que deveria eu ficar triste?”

O que Chiara pode nos ensinar hoje? 
Acredito que Chiara pode ser uma verdadeira fonte de inspiração para o futuro da Igreja. Os cristãos podem manifestar através da sua vida outra presença, outro amor. Tudo, através de Chiara, mostrou a outra pessoa. Ela mostrou Cristo, sentiu-se amada por Cristo e amou os outros. Penso que esta é a mensagem central da vida de Chiara, que pode inspirar a todos nós hoje.

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