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A beleza não salvará o mundo

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Charles DeReuil II - publicado em 26/09/23

Eu estava vivendo a vida ao contrário. O que me fez mudar de ideia não foi a beleza de Roma, e sim o fato de ver um padre orar

O ano era 2016. Eu estava terminando o primeiro ano do ensino médio e me vi em Roma, cercado por quase todos os meus colegas, numa peregrinação de dez dias pela Cidade Eterna. As artes liberais sempre me interessaram e Roma possui um tesouro artístico, arquitetônico, histórico e cultural incalculável. Mas, ao caminhar de monumento em monumento, em vez de me sentir realizado, fiquei desapontado. Sim, estava sendo prazeroso e com certeza eu fiquei impressionado com o que vi, mas o existencialista que habitava em mim achava isso bastante insuficiente.

Os palácios e basílicas de Roma, vestígios do antigo poder temporal da Igreja, me pareciam em forte contraste com o estado atual da Igreja, que, em muitos aspectos, eu considerava em lento declínio rumo à irrelevância cultural. Além disso, as minhas expectativas de realização estética também não se concretizaram. Achei tudo impressionante e belo, mas, diante da inevitável morte e decadência, aquelas obras-primas arquitetônicas me pareciam, no fim das contas, inúteis.

Não que eu fosse tão niilista assim, mas nutria expectativas imensas, e, embora elas tenham sido atendidas de certa forma, a minha vida não mudou do jeito que eu esperava. Mesmo assim, nem tudo foi em vão.

No fim da viagem, o nosso grupo fez adoração ao Santíssimo Sacramento seguida de bênção. Começou com uma breve reflexão feita pelo capelão da peregrinação, seguida de algum tempo de oração silenciosa, intermitentemente interrompida por um coral que cantava peças polifônicas diversas.

Lembro-me de tê-los ouvido cantar uma versão latinizada da Ave Maria de Sergei Rachmaninoff. Enquanto ouvia a música, eu “orava” – ou, predominantemente, observava o padre orar. Fiquei impressionado com o quanto ele estava envolvido na sua oração – e observá-lo orar encheu a minha experiência em Roma de sentido.

Não sei ao certo o que me causou esta súbita clareza, mas acabei percebendo que estava vivendo a vida ao contrário.

Durante muito tempo, estive em busca da beleza e do impressionante, na esperança de que eles me convencessem da veracidade da fé católica ou revelassem algum sentido para a vida. Mas os franceses medievais não construíram Chartres na esperança de encontrar a Deus; eles a construíram porque já O tinham encontrado!

Parece-me, agora, que a arte, a arquitetura, a música, qualquer um dos produtos da cultura humana, são de certa forma inúteis quando confrontados com o seu fim inevitável; no entanto, como feliz resposta ao encontro com a divindade eterna, fazem enfim todo o sentido.

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