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Excelente obra sobre a Lectio Divina

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Antoine Mekary | ALETEIA

Vanderlei de Lima - publicado em 29/10/23

O livro é fruto de formações oferecidas pela autora a jovens monges e monjas professos e tem por grande alicerce a Dei Verbum, do Concílio Vaticano II (1962-65)

A Ir. Paula Iglesias, OSB, por longos anos abadessa da Abadia de Nossa Senhora da Santa Cruz, de Juiz de Fora (MG), escreveu a obra que tem por título Uma lectio divina na Bíblia, na história de Israel e na Liturgia (Subiaco, 2017, 4ª edição).

O livro é fruto de formações oferecidas pela autora a jovens monges e monjas professos e tem por grande alicerce a Dei Verbum, do Concílio Vaticano II (1962-65). Tal base é enriquecida pelo conhecimento da madre no que diz respeito ao mundo bíblico – em especial à história antiga e contemporânea de Israel (cf. p. 33-117) – e a aspectos importantes, mas nem sempre devidamente valorizados, da Liturgia (cf. p. 118-139).

A obra sabiamente caracteriza, de modo breve e prático, mas fiel, a revelação natural e a sobrenatural de Deus. Sim, à luz do número 3 da Dei Verbum, a autora traz “uma dupla manifestação de Deus aos homens: a primeira pelo testemunho da ‘criação’ (que comumente chamamos de ‘revelação natural’) e a segunda por uma manifestação aos nossos primeiros pais (que costumamos chamar de ‘revelação sobrenatural’)” (p. 24). Isso posto, a irmã descreve aspectos de ambas as formas de revelação divina. 

A revelação natural deseja “afirmar que o universo constitui, por sua beleza, por sua perfeição, por sua grandeza, um testemunho permanente de Deus à humanidade. Diante do espetáculo dos seres criados, os homens podem, por analogia, elevar-se até o Autor e Senhor de tudo. Refletindo sobre as maravilhas da criação pode ele concluir que existe um Ser Supremo que é a sua única fonte. Assim, o espírito humano, se tem suficiente sensibilidade e capacidade de contemplação, é capaz de chegar a essa realidade, mediante um processo intelectual, relativamente fácil, pois não se pode fazer calar o mundo que fala do seu autor” (idem, cf. At 14,15-17; Rm 1,20; Catecismo da Igreja Católica n. 31-43; Dei Verbum, 6).

A revelação sobrenatural traz, como o próprio nome diz, algo muito superior à mera natureza, uma vez que aí é o próprio Deus quem fala com o ser humano. Ele chamou os primeiros pais à aliança consigo, mas, seduzidos pelo maligno, recusaram o projeto divino para si e para os seus. Perderam-se. “Deus, porém, após a queda, os reergueu pela esperança de uma salvação futura, pela promessa de um resgate: Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3,15). Esse vislumbre da salvação evocado pelo Gênesis é o chamado ‘Protoevangelho’ (Primeiro Evangelho). Com estas palavras de alcance universal, começa a marcha da História da Salvação, da qual ninguém será excluído. Ainda que o povo de Israel tenha sido constituído depositário desta promessa, Deus jamais cessou de se preocupar com toda a humanidade e velou permanentemente pelo gênero humano, a fim de dar a Vida Eterna a todos aqueles que, pela perseverança na prática do bem, procuram a salvação” (p. 26; cf. Catecismo da Igreja Católica n. 50-67).

Após citar o número 3 da Dei Verbum, a demonstrar a sábia pedagogia divina que, de Abraão até Cristo, preparou o povo de Israel para a plenitude da Revelação, afirma: “Deus falou outrora a seu povo através dos Profetas, mas agora, no tempo do Evangelho, Ele vem, pessoalmente, em Seu Filho, para consumar a Revelação” (p. 27).

Feito este percurso, chega-se à Liturgia da Igreja. Afinal, “a salvação realizada pelo Cristo e anunciada pelos apóstolos é levada a efeito entre os homens, através do Sacrifício Eucarístico e dos Sacramentos sobre os quais ‘circula’ toda vida litúrgica” (p. 119). É também por meio da Liturgia que o mistério salvífico de Cristo se atualiza para nós: “O Hoje da Liturgia (não somente nas Solenidades e Festas) é um apelo dirigido pessoalmente a cada um de nós. Aquilo que se cumpriu em Jesus, em Maria e nos Santos, é agora comunicado a nós na Liturgia e deve encontrar ‘eco’ em nossa vida pessoal. O cotidiano de nossas vidas é inserido na trama do plano de Deus, também no cotidiano da Liturgia…” (p. 132).

Eis, pois, uma obra que, embora não ensine a fazer Lectio divina, demonstra a sua importância na Bíblia e na Liturgia. Vale a pena lê-la e estudá-la com apreço.

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