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Finados e a derrota da morte

Jezus Chrystus

Vincze Szabi | Shutterstock

Vanderlei de Lima - publicado em 05/11/23

Quem se prepara, de modo sadio e santo, para a morte, embora não deixe de sofrer com a partida dos seus ou com a sua própria, pode, sereno e feliz, bradar: “Onde está a tua vitória, ó morte?”

Este artigo trata da morte em seu duplo aspecto: o humano e o da . Certo é que o tema, amplo e complexo como é, vai aqui apenas muito sintetizado.

À luz da razão apenas, a morte é a única certeza que se tem sobre uma pessoa quando ela nasce. Sim, ninguém é capaz de dizer, com total segurança, se ela será engenheira, médica, doméstica etc., mas pode, sem receio algum de errar, afirmar que, um dia, aquele ser humano morrerá. O corpo debilitado pela doença, idade ou por acidente já não consegue manter as suas funções vitais. A morte clínica é constatada quando o declínio da atividade neurológica é irreversível (cf. Resolução CFM n. 2.173/1710).

À luz da fé, “a morte é uma consequência do pecado, enquanto o dom da imortalidade corporal foi perdido com Adão” (Bernardo Bartmann. Teologia dogmática. vol. 3. São Paulo: Paulinas, 1962, p. 421). Expliquemos: Deus criou o homem e a mulher e elevou-os à condição sobrenatural de filhos com os dons que acompanhavam tal elevação; um desses dons era a imortalidade (cf. Gn 2,17; 3,19). Desse modo, cada ser humano passaria deste mundo para Deus por meio de um leve sono, sem sofrimento algum. Entretanto, com o pecado original originante, o primeiro casal perdeu a filiação divina e os dons anexos (cf. Gn 3,1-24). Diante disso, todos os seres humanos nascemos com o pecado original originado. Ele não é uma culpa pessoal, mas a falta da graça santificante e dos dons dela decorrentes. Somos, sem culpa alguma – por solidariedade –, herdeiros da desgraça dos primeiros pais; por isso, sofremos a morte dolorosa não querida, mas permitida por Deus (cf. Gn 2,17; 3,19; Sb 1,13; 2,23-25; Rm 5,12).

Disso provêm os múltiplos tipos de mortes (repentina, lenta…) por causas variadas (acidente, doença, idade avançada…). Ora, ninguém consegue explicar a contento a razão de cada tipo de morte, mas Santa Catarina de Sena diz que Deus lhe ensinou o seguinte: “‘Quando permito a morte trágica de alguém, o que realizo em tais casos, é livrar alguém da morte eterna. Não podemos conhecer os desígnios de Deus para a salvação das almas. Estamos preocupados com esta vida; mas Deus está mais preocupado com a eternidade” (Felipe Aquino. O cristão diante da morte. 2ª ed. Lorena: Cléofas, 2015, p. 45).

A morte – separação da alma espiritual e do corpo material – causa medo. Não ter medo de morrer é, do ponto de vista humano, anormal (cf. Leo Trese. A caminho do céu. São Paulo: Quadrante, 1989, p. 98-100), exceto quando a pessoa crê – até por graças místicas – que a morte não é o fim de tudo, mas o começo da vida sem ocaso. Sim, “a Igreja considera o dia da morte como um dia de nascimento. O próprio Cristo, representante de Deus Pai, vem como seu mensageiro e busca os seus para levá-los à glória, na qual Ele vive desde a ascensão (Hb 2,10; 3,6; Jo 14,2; At 22,21)” (Michel Schmaus. A fé da Igreja. vol. 6. Petrópolis: Vozes, 1981, p. 203).

Ainda: São Gregório Magno diz que Deus, para o nosso bem, nos oculta a hora da morte a fim de que estejamos sempre preparados (cf. O cristão diante da morte, p. 46). Importa, pois, pedir, confiante, a cada dia, a graça da boa morte. Esta consiste em estar preparado espiritualmente para o encontro com Deus como se Ele fosse nos chamar agora a prestar contas de nossos talentos (cf. Mt 25,19). Embora, seja uma piedosa tradição suplicar ao Senhor que nos livre da morte súbita e repentina a fim de que, na doença mais ou menos longa, tenhamos tempo de buscar uma melhor preparação, por meio da intensificação da oração e dos sacramentos – especialmente da Confissão, da Eucaristia e da Unção dos Enfermos –, a pessoa que morre de repente também pode estar bem preparada para o encontro com Deus. Afinal, cada um deve viver santamente e rezar com fé, todos os dias, pedindo a intercessão de Nossa Senhora para que Ela rogue por nós, “agora e na hora de nossa morte”. Se assim o fizer, no instante final, poderá dizer como Nosso Senhor: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46).

Quem se prepara, de modo sadio e santo, para a morte, embora não deixe de sofrer com a partida dos seus ou com a sua própria, pode, sereno e feliz, bradar: “Onde está a tua vitória, ó morte?” (1Cor 15,55). Fomos feitos para a vida plena (cf. Jo 10,10; Catecismoda Igreja Católica n. 1005-1019).

Cf. nosso livro “Para ser feliz nesta e na outra vida”. Cultor de Livros.

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CéuDoutrinaMorte
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