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Alô, aqui é o Papa Francisco!

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Alberto PIZZOLI / AFP

Anna Kurian - publicado em 28/12/23

Pais enlutados, pessoas confrontadas com tragédias da vida, chefes de Estado: muitos deles receberam um telefonema inesperado do Papa Francisco nos últimos dez anos

Esta é uma das grandes marcas do pontificado de Francisco: desde a sua eleição, em 2013, ele alterou alguns processos habituais de comunicação do Vaticano. Quer respondendo – ele próprio – as suas correspondências com cartões manuscritos, quer atendendo espontaneamente ao telefone, o papa argentino quer estar mais próximo do seu rebanho, ainda que isso cause um curto-circuito até mesmo nos canais oficiais da diplomacia. 

“Alô, aqui é o Papa Francisco”. Muitos já se surpreenderam ao ouvir essa saudação ao atender uma ligação originada de número desconhecido. Muitas vezes, o Papa telefonou-lhes depois de uma carta, expressando a sua proximidade, a sua solidariedade, a sua oração. Isso aconteceu, por exemplo, em 2013 com uma vítima argentina de abuso sexual, com um jovem autista da província de Cremona em 2020, e com um casal italiano que enfrentou uma gravidez complicada em 2023.

Mesmo durante as férias, Francisco não abre mão dos telefonemas. Durante o verão de 2017, telefonou para os jovens italianos que o convidaram para peregrinar ao santuário italiano de Loreto. Também ligou para um trabalhador de Buenos Aires que teve as duas pernas amputadas após ter sido ferido pelas lâminas de um caminhão de lixo.

Enfim, há 10 anos a imprensa dá grande importância a esses telefonemas, embora muitos deles permaneçam longe dos holofotes. 

Um sacerdote entre o povo

Aquele que víamos como um simples clérigo no transporte público de Buenos Aires quando era cardeal sempre esteve entre o povo. E, no trono de Pedro, não é diferente. Já perdemos as contas de seus telefonemas para líderes que enfrentam tragédias. 

Ele ligou, por exemplo, para o presidente ucraniano Zelensky no início da ofensiva russa na Ucrânia, ao patriarca ortodoxo Tawadros no momento do assassinato dos coptas ortodoxos na Líbia, ao prefeito de Nice após o ataque terrorista de 2016, e até mesmo para Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, em plena pandemia de Covid. 

Ainda recentemente, no dia 21 de novembro de 2023, dois dias após a eleição do novo presidente da Argentina, Javier Milei, ficamos sabendo que o Papa Francisco lhe telefonou de surpresa. O diário La Nacion noticiou que a amizade pessoal entre um amigo próximo de Javier Milei e o oftalmologista Fabio Bartucci, que operou a catarata do Papa, permitiu estabelecer este contato direto entre o Papa e o político, que foi um violento detrator de Francisco durante a campanha eleitoral. 

Sem aviso prévio

Bergoglio age por conta própria, sem aviso prévio, às vezes colocando a sua própria secretaria de Estado contra a parede. Após a eclosão da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o Bispo de Roma tomou a iniciativa – sem o conhecimento da diplomacia vaticana – de se deslocar pessoalmente à Embaixada da Rússia junto da Santa Sé. 

Estas iniciativas mostram também a sua preocupação pastoral e atenção aos arquivos empilhados sobre a sua mesa. Assim, ao ter que cancelar o encontro com as 21 vítimas de abusos sexuais do oeste da França devido a uma bronquite, o próprio Papa pegou o telefone naquela mesma noite para se oferecer para recebê-las no dia seguinte. 

Um gesto de atenção do sucessor de Pedro que, tal como as suas iniciativas semelhantes nos últimos dez anos, tocou muito os seus interlocutores.

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