Ser amável não é tão difícil. E ainda mais, é uma arma infalível para que os seus pais não peguem tanto no seu pé!
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O que a maioria dos pais veem? Caras fechadas, o espetáculo de pessoas que nunca estão felizes, que estão prontas para reprovar qualquer atitude, mas nunca prontas a servir, mesmo quando há tanto a fazer em casa (e que seria muito mais simples fazer juntos). E aí, os pais precisam pedir repetidamente um pouco de ajuda, geralmente sem serem ouvidos. Até que deixamos pra lá, e fazemos nós mesmos, para ter paz.
O que os pais veem são jovens que desprezam os ritos familiares e o tempo gasto em família. Sem falar nas noites em que eles voltam pra casa tarde, deixando os pais ansiosos e cheios de censuras. O que os pais veem, são jovens amados, mas que os fazem sentir como se não os amassem. Os pais têm então a sensação desagradável de serem usados. Têm a impressão de viver com pessoas insaciáveis – de afeto, de serviços, de dinheiro – tudo é devido, mas nada é dado em troca. E o problema do dinheiro é particularmente delicado. Pois ao passo que crescemos, crescem também nossas necessidades. E se o carinho é algo que pode ser dado sem limites, isso não acontece com o dinheiro. Quando você não pode, não pode, e mesmo quando pode, até onde deve ir?
Quem as pessoas “velhas” pensam que são?
E ainda, existem os silêncios. Se nossos pais questionam, estão bisbilhotando. Se eles não dizem nada, é porque não se importam. E aqueles com quem eles vivem não têm, portanto, nada a dizer? Onomatopeias não alimentam o diálogo.
E a música! Com a idade, nossa audição também evolui e o que escutamos quando somos jovens se torna insuportável quando envelhecemos. Pior ainda quando os pais se forçam aos mesmos gostos dos filhos. Os olhamos com desprezo e nos perguntamos “quem esses idosos pensam que são?!”. É muito feio querer ser jovem quando já se passou da idade. “E então, o que fazer?”, os pais se perguntam. A resposta encontrada é: suportar e ficar calados.
E a roupa! É comum que cada geração tenha prazer em usar estilos opostos ao utilizado pela geração anterior. E novamente, se os pais perguntarem o que devem fazer, eles receberão apenas uma instrução: acostume-se a isso!
Ter misericórdia com os seus pais
Mas o mais difícil é a falta de amor. Ser “amável”, não significa deixar-se amar? No entanto, o drama de muitos pais é que eles não conseguem mostrar a sua forma de amar aos seus filhos, que sempre acham que existe algo errado. Ou os nossos pais exageram e nos sufocam, ou fazem pouco e aí reclamamos a sua falta de amor. Mas o que os jovens não veem, ou que talvez não consigam ver, é o quanto os pais sofrem com essas situações. Quanto menos eles sabem lidar com situações assim, mais eles sofrem. Eles sofrem com a sensação de não serem bons o suficiente, culpando a si mesmos por não saberem fazer ou dizer o que era necessário, na hora certa. Eles percebem que estão dando lições de moral, quando deveriam estar trocando opiniões e experiências com seus filhos. O ponto é que neste momento duas virtudes precisam coexistir: a justiça e a misericórdia.
Sim, é preciso ser justo e exigente, sobretudo consigo mesmo. Mas o mais difícil é agir com misericórdia. Precisamos ter misericórdia com os nossos pais, mais do que pedimos por nós mesmos. Além disso, os pais gostam de dizer aos seus filhos mais velhos que é urgente que eles se preparem para a sua vida adulta, que em breve eles também terão filhos para educar e que eles correm o risco de não estarem preparados perante a exigência dessa tarefa. Aqueles que tiveram atitudes egoístas durante sua juventude parecem cair de um precipício ou mesmo desistir. Eles correm o risco de serem piores do que seus pais. Muitos conflitos entre casais jovens não são nada mais do que o prolongamento dos comportamentos adolescentes. Esta é uma imagem parcial e resumida, mas afinal, ser amável não é assim tão difícil. Pelo contrário, são os pequenos atos que tornam a vida muito mais agradável! Então, quem começa?
Alain Quilici