A leitura rápida do Evangelho como se fosse um anúncio publicitário pode ser muito decepcionante. Jesus não promete uma abundância de bens, uma vida livre de doenças e que nos eximiria de um trabalho responsável. Certamente, nosso Pai é muito concreto em seu cuidado com os seres humanos. E somente ele, aliás, sabe do que realmente precisamos. No entanto, a primeira pena que a bondade de Deus deseja nos proteger é a da ansiedade causada por nossos desejos excessivos. Jesus cura as causas da nossa ansiedade, que paralisam sua santa ação em nossas almas.
Jesus nos convida a uma outra preocupação
Por causa do pecado original, nascemos com medo de nos rendermos a Deus completamente. Na verdade, tememos que Deus realmente não se importe conosco e, os infortúnios que nos atingem não ajudam. Então, o que fazer? Somente o amor pode destruir essa desconfiança. Lembre-se do filme Titanic: o desastre não impede que Rose tenha confiança. No oceano escuro de um mundo materialista, nossas lâminas de estresse se quebram ao irem de encontro ao coração do Ressuscitado. Através do Espírito Santo derramado em nossos corações, Jesus nos restaura em profunda paz. Na superfície, agitação; ao coração que o ama, sua divina compaixão.
Este dom é crucial. Porque o segundo medo do qual Jesus nos desata vem de um apego idólatra aos bens deste mundo. O desejo excessivo nos causa ansiedade desnecessária. Por outro lado, os sacrifícios que a vida nos impõe muitas vezes nos geram grandes alegrias! Diante das preocupações e da consequente ansiedade geradas pelo dinheiro, Jesus, portanto, nos chama a atentar para uma outra preocupação: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6, 33). Ao respeitar esse pedido, Deus nos dá muito. A começar por ele mesmo! A cruz em si é transfigurada.
Padre Paul-Marie Cathelinais