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Manual de instruções para acolher a graça do abandono em Deus

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By Jacob_09 | Shutterstock

Edifa - publicado em 13/05/20

Como pode ser difícil se abandonar à graça divina! Sobretudo quando os acontecimentos da vida vão de encontro aos nossos projetos profissionais. Contudo, é indispensável que procuremos nos abandonar para que sejamos salvos. Portanto, vamos compreender o que realmente quer dizer se abandonar à Providência Divina

Todas as pessoas que trabalham como salva-vidas sabem que, ao ajudar alguém que está se afogando, o principal perigo que estas pessoas correm é de se desesperar.

O medo, o desejo de sair da água a todo custo, geralmente leva a movimentos bruscos. A pessoa se debate ou se agarra desesperadamente ao seu salvador, e isso pode na verdade o impedir de nadar.

Dessa mesma forma frequentemente nos comportamos em relação ao Senhor. Em vez de deixá-lo nos salvar, procuramos fazer as coisas do nosso jeito.

Por medo ou orgulho – geralmente ambos ao mesmo tempo – nos recusamos a nos deixar conduzir, a nos abandonar na confiança. Como um homem afogado que procura respirar, todo homem busca a felicidade.

É um desejo inscrito profundamente em nós. Esse desejo é bom porque vem de Deus. Mas será que realmente acreditamos que ele sabe melhor do que ninguém o que é necessário para nossa felicidade e a de nossos filhos?

O abandono não é nem relaxar e nem ter preguiça

Quando nos recusamos a nos render ao amor de Deus, é como se estivéssemos dizendo a ele: “Eu sei melhor do que você o que preciso, o que minha família precisa”.

Somos como um homem afogado, que recusa a ajuda oferecida a ele porque tem medo e tenta manter-se fora da água a todo custo, sem ver que seu salvador sabe melhor do que ninguém o que fazer para trazê-lo de volta à terra seca.

No entanto, não podemos esperar a salvação sentados. Deus nos respeita demais para nos dar uma felicidade pronta. Ele quer nos associar à sua obra de amor e por isso nos dá a vontade, liberdade e múltiplos talentos para construir o Reino.

Mas todos esses talentos não devem nos levar a esquecer que nada podemos fazer sozinhos. Recebemos tudo do Senhor, sem ele não somos nada e não podemos fazer nada. Sempre que esquecemos disso, nós nos recusamos a nos abandonar.

Muitas vezes confundimos independência e liberdade, dizendo: “Não preciso de ninguém, posso administrar tudo muito bem sozinho”. Pensamos em nós mesmos como pessoas muito fortes e capazes, quando somos – fundamental e radicalmente – pobres.

Mas há também outro perigo: o Maligno. Como ele é muito habilidoso, ele sempre quer nos tentar inserindo o mal sob o disfarce do bem.

Assim, o homem preguiçoso será possivelmente tentado a justificar sua inatividade como um suposto abandono à Providência: “Não vale a pena que eu me canse, pois Deus cuidará de nós”. Já o covarde raciocinará da mesma maneira, refugiando-se na oração para evitar o risco de compromissos concretos, onde ele precisará se posicionar: “Senhor, conto contigo porque não quero que tu me peças para intervir nesta situação”. O abandono não é preguiça nem covardia.

O abandono não é uma atitude de pessoas iluminadas que estão longe da realidade

O mistério da encarnação nos coloca com os pés no chão e não há outra maneira de conhecer e servir ao Senhor a não ser viver a vida cotidiana da forma mais concreta possível. Não basta repetir: “Senhor, Senhor, obrigado por cuidar de nós!”.

Certamente o louvor é a oração dos que se rendem ao amor de Deus. Mas a única maneira de verificar a autenticidade desse louvor é confrontá-lo com a realidade. Questione-se: “Será que louvo à Deus somente durante meu tempo de oração ou esse louvor muda a maneira como lidarei com meus assuntos profissionais, resolverei as dificuldades da família, acomodarei as preocupações financeiras, planos futuros, etc?”.

Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18, 3).

Se não aceitarmos nos abandonar com a absoluta confiança que tem uma criança, se não concordarmos em entregar tudo ao Pai – todos os nossos desejos, nossos projetos, nossas preocupações, aqueles que amamos e até nossos pecados – não seremos capazes de entrar no Reino de Deus.

Não seremos capazes de provar da felicidade do Reino, prometida desde agora para aqueles que possuem um coração pobre e humilde.

Christine Ponsard

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