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Qual a melhor maneira de usar as redes sociais?

SOCIAL

Blurryme - Shutterstock

Edifa - publicado em 07/07/20

Facebook, Twitter, Instagram... A mídia social permite que você publique mensagens de todos os tipos, algumas das quais podem ficar fora de sintonia com uma linguagem inadequada e comentários virulentos. Como usar essas mídias sociais com inteligência e caridade e fazer nossas palavras corresponderem às nossas ideias?

A cada novo acontecimento, um post, um tweet, uma reação enquanto está quente chega sem demora! É urgente dar nossa opinião, escolher um lado, transmitir “nossas ideias”.

Seja por causa do último discurso do presidente, das palavras do Papa Francisco ou mesmo da reação de um político ou celebridade sobre um assunto atual, todo o mundo honra um comentário em tempo real, tornando-se repentinamente um cientista político ou até mesmo um teólogo.

Ele se expressa mais do que o habitual, porque não fala com ninguém em particular e “fica solto” com mais facilidade porque não possui um interlocutor de carne e osso. Potencia o zumbido de fundo. As redes sociais multiplicaram as palavras, amplificando as de todo o mundo.

Como podemos ajustar melhor nossas palavras e nossas posições quando as conversas virtuais favorecem os ditos inoportunos?

Lembre-se sempre da regra das três peneiras

São incontáveis os ​​erros e excessos ao reagir rápido demais, sem ter tempo para refletir. Onde estavam nossas perguntas e nossa busca de respostas perante a complexidade da realidade?

No passado, a atitude era mais reservada, guardávamos tudo para nós mesmos, enquanto agora nos tornamos tão desinibidos que parece não haver limites: em violência, insulto, superexposição de alguém que destrói a intimidade e a identidade profunda.

“Atropelados através desse turbilhão compulsivo e comunicacional, precisamos aprender de novo a ficar calados para voltar a ter consciência do que sentimos antes de dizê-lo, a colocar peso e bondade em nossa comunicação novamente, para não nos arrepender de ter falado”, disse o psiquiatra Jean-Christophe Seznec e o humorista Laurent Carouana num dos inúmeros livros que questionam a situação da palavra na sociedade digital.

Em seu livro Paroles toxiques, paroles bienfaisantes (palavras tóxicas, palavras benéficas), o filósofo Michel Lacroix também considerou apropriado exigir uma ética da linguagem, porque as palavras nos comprometem tanto quanto os atos.

É necessariamente bom dizer tudo o que vem à mente? Pensar em voz alta o que os outros pensam silenciosamente?

Antes de falar, o filósofo Sócrates estabeleceu a regra das três peneiras.

  1. É verdade (tomamos o cuidado de verificar essa informação, a origem dessa foto, desse boato…)?
  2. É uma coisa boa (ou é uma informação que vai machucar ou prejudicar alguém)?
  3. É algo útil (ou seja, tem a possibilidade para melhorar as coisas, para levar a questão adiante)?

Este sistema é um bom filtro que permite economizar muita energia desperdiçada em palavras vãs.

Fale com compaixão e não com paixão

Será que não temos o dever de falar “na hora certa e na hora errada” – ou seja, a todo o momento, seja favorável ou não – prestar testemunho de Cristo ou quando nosso próximo se perder? É isso que os cristãos se perguntam em particular.

“A questão não é se devemos falar ou não”, diz o padre Jean-Marie Gueullette. “O que importa é que o modo como é falado se situa em relação àquele a quem estamos nos dirigindo. O que torna a palavra cristã audível é não dizê-la em voz alta, autoritariamente, cheia de desprezo pelo mundo como se estivesse podre”.

E fala de Francisco de Sales – que por algum motivo é o santo padroeiro dos jornalistas – oferecendo um critério de ação contra pecadores ou pessoas contraditórias: “É melhor ter compaixão de alguém do que paixão contra ele”.

“Estamos com os pecadores diante da palavra de Deus e não com a palavra de Deus contra os pecadores”, lembra o padre Jean-Marie Gueullette.

Cabe a nós trabalhar em nosso modo de falar: “É uma questão essencial no campo da educação e da evangelização, na qual devemos evitar o ‘Você deve fazer isso’, o ‘É proibido’ e outros ‘imperativos’ , porque eles fazem o assunto desaparecer por trás de uma norma abstrata.

Dar conselhos não é dizer ao outro o que deve fazer, mas lançar luz sobre sua consciência para que possa encontrar suas próprias respostas aos poucos, internalizando a lei. A palavra evangélica não é teórica. É uma história que nos leva a conhecer alguém: Jesus Cristo”.

A arte de saber como fechar a boca

Para falar apropriadamente, às vezes temos o reflexo de nos perguntar: “O que Jesus diria em meu lugar?”

Para o padre Jean-Marie Gueullette, isso não faz sentido: “Não podemos falar como Jesus faria. E ninguém, nem mesmo Deus, pode falar em nosso lugar. Às vezes, o crente tem a impressão de que, quanto menos presente ele está em seus próprios atos, mais piedoso ele é. Nada poderia estar mais longe da verdade. É a nossa consciência que decide, aqui e agora, no contexto que nos corresponde.”

“Somos pessoalmente responsáveis ​​por nossas ações e nossas palavras, mesmo que num período de angústia sintamos um apetite por retorno de autoridade externa que simplificaria nossa tarefa. De acordo com São Tomás de Aquino, somente quando o homem tem livre arbítrio e domínio sobre sua iniciativa é que ele é como Deus”.

Na ausência de silêncio para cultivar nossa vida interior, nos encontramos sem aviso na posição do ativista, que está alinhado em princípio com todas as posições de seu clã sem pensar por si mesmo.

Ou no fundamentalismo, que leva todos os textos religiosos à letra sem fazer perguntas. Saber ficar quieto nos ajuda a falar melhor em consciência.

Clotilde Hamon

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