São Daniel Comboni

No ano de 1857 cinco missionários italianos haviam partido para a evangelização da África; dois anos depois, três já haviam morrido. Um dos sobreviventes, Daniel Comboni, retorna para o norte da Itália totalmente alquebrado pelas doenças e cansaço. Mas não se deixa abater: reflete longamente sobre essa tentativa frustrada de evangelização – e sobre tantas outras – e chega a uma conclusão que será posteriormente a base de um “Projeto” de evangelização redigido em Roma no ano de 1864. Nesse plano, Comboni solicita a toda a Igreja que se empenhe na formação religiosa e na promoção humana de toda a África. Apesar da boa acolhida, esse projeto fica envagevato… o próprio Comboni se encontrará sozinho em sua bandeira a favor da África. Mas, mais uma vez, não se desanima: ele se torna uma voz de denúncia, colocando o dedo na chaga da escravidão, que nessa época era apoiada por vários países europeus. Sua paixão pela evangelização o leva a encontrar finalmente apoio na pessoa de seu bispo, D. Luigi Canossa, que acabará por ajuda-lo a retornar em 1867 ao continente africano. Montará uma base no Cairo, capital do Egito, e ali, com um grupo de trinta missionários, começa sua missão em direção ao Sul do continente. Sua intuição levava a favorecer o elemento cultural africano na missão, de fato ele costumava dizer: “A África deve ser salva com a África!”. Com efeito, Comboni, além de manter alunos negros nas escolas que vai abrindo, trabalha também com professoras negras. Muitos achavam estranho esse seu modo de agir, pois nesse contexto histórico – de forte colonialismo das nações europeias – na visão de muitos missionários europeus, os negros africanos deviam apenas ter um papel muito secundário, ou mesmo passivo. Seus trabalhos são enormes, a tal ponto que se tornará bispo e, posteriormente, vigário apostólico para toda a África central. Para os africanos, Daniel Comboni é um santo em vida. Seguindo o evangelho, São Daniel Comboni “perde sua vida” para encontrar a vida eterna: no ano de 1881, em meio a epidemias de tifo e varíola e em meio à assistência aos doentes, ele morre extenuado, numa casa rodeada por uma multidão chorosa. Seus seguidores, os padres combonianos, se dedicam até hoje à missão, especialmente na África: continuam inspirados por seu fundador, “perdendo sua vida” para encontrá-la junto ao Senhor e no serviço aos irmãos. São Daniel Comboni foi canonizado por São João Paulo II no dia 5 de outubro de 2003.