Santa Verônica

Num escrito dos assim chamados textos apócrifos (Atos de Pilatos, cap. 7), aparece o nome de Verônica. Essa personagem seria a mulher que aparece nos evangelhos e que sofria por causa de uma perda constante de sangue (a hemorroíssa). Segundo a narrativa evangélica, ela teria se curado ao tocar a franja da roupa de Jesus. Após a cura, o próprio Jesus elogiou a grande fé dessa mulher. No texto apócrifo, ela é chamada de “Bernike”. Esse nome grego foi posteriormente traduzido para o latim “Verônica”. O historiador Eusébio de Cesareia, em seu famoso escrito “História eclesiástica” diz que em Cesareia de Felipe havia a casa de Verônica. Supostamente ela era originária de Edessa, na Síria. Diante de sua casa havia uma estátua de bronze representando uma mulher com um joelho dobrado e com os braços elevados, em atitude de súplica. Diante dessa estátua, um homem de pé, envolvido num manto, e que estende uma das mãos na direção da mulher. Eusebio afirma que essas duas imagens representavam Jesus e a hemorroíssa. No século XV, a devoção por Santa Verônica conheceu um grande fomento na Europa: agora associa-se seu nome àquela mulher que enxuga o rosto de Jesus com um pano, enquanto este percorre a via dolorosa. Esse fato se sobrepõe ao dado da hemorroíssa e permanece muito vivo na devoção popular até os dias de hoje. Segundo essa tradição – a de associar a Verônica ao pano que enxugou o rosto de Cristo – e surgida a partir do relato de Eusebio sobre a presença da estátua de bronze em Cesareia, Verônica teria vindo para Roma trazendo consigo a relíquia do véu com o rosto de Jesus impresso. Nessa tradição não faltam elementos legendários: uma vez em Roma, Volusiano, um funcionário romano, teria tomado à força a sacra imagem de Verônica, levando-a para o imperador. Assim que o imperador Tibério vê a imagem teria ficado imediatamente curado da lepra. Posteriormente, esse véu teria sido entregue pela própria Verônica, antes de falecer, ao Papa São Clemente. Na França, seu culto é particularmente sentido: considera-se que ela foi uma das primeiras evangelizadoras da França.