São Celestino V

Nasceu em 1215, e na pia batismal recebeu o nome de Pedro Angeleri. Seus pais eram camponeses de modestas condições e tiveram ao todo doze filhos. Graças à mãe, Pedro começou seus estudos eclesiásticos, mas desde muito jovem se sentia atraído pela vida monástica. Assim acabou se tornando monge beneditino, mas poucos anos depois deixou o mosteiro para viver como eremita numa gruta. Após três anos de vida solitária, foi para Roma, mas apenas para ser ordenado padre. Logo em seguida voltou para a vida eremítica, dedicado à longas orações e à mortificações da carne. A seriedade de sua vida fez com que outros jovens o procurassem para seguir o mesmo tipo de vida. Assim, em 1264 constituiu um pequeno grupo de eremitas que viviam a regra de São Bento com grande austeridade. Ao saber que o Concílio de Lion (1274) queria reduzir o número de novas congregações, Pedro foi pessoalmente até a assembleia conciliar. Quando chegou ao local, descobriu que o Concílio havia terminado, no entanto, o Papa Gregório X o recebeu e confirmou a validade da pequena congregação fundada por Pedro. Com o passar do tempo outros grupos foram se aproximando de Pedro e a congregação foi crescendo. Mas os apelos da vida solitária eram mais fortes do que a necessária administração dos 36 mosteiros que haviam nascido ao longo dos anos, assim ele abandonou o encargo de superior e foi viver numa cela em completa solidão. Muitos o procuravam para pedir conselhos e luzes espirituais para a própria vida. Com a morte do Papa Nicolau IV, a Igreja permaneceu mais de dois anos sem um Papa. Várias questões políticas e a disputa pelo cargo por duas famílias poderosas (os Colonna e os Orsini) haviam travado os trabalhos de escolha de um novo Papa. Ao saber das dificuldades para a eleição, Pedro escreveu uma carta para um dos cardeais: nela ele escreveu que Deus preparava inúmeros castigos se, dentro de quatro meses, o colégio de cardeais não elegesse um sucessor ao sólio de São Pedro. Todos tinham ouvido falar da vida taumatúrgica de Pedro, por incrível que pareça, os cardeais viram nessa carta um sinal de Deus e resolveram eleger o próprio Pedro como novo Papa. Pressionado pelos coirmãos, Pedro aceitou a indicação e tomou o nome de Celestino V. Com o passar do tempo, no entanto, foi se revelando cada vez mais sua incapacidade para desempenhar o papel de Papa. Ele mesmo, convencido que não era apto para esse ministério, mandou consultar vários canonistas e diante dos cardeais reunidos em consistório, anunciou sua renúncia, “por causa de humildade, para a vida perfeita e a preservação da consciência, pela debilidade de saúde e por defeito de ciência, para recuperar a paz e a consolação da vida antiga [de eremita]”, em seguida depôs as insígnias papais e assumiu seus velhas roupas de simples monge. Diante de tamanha humildade, muitos dos presentes prorromperam em lágrimas. Em seguida foi eleito o Papa Bonifácio VIII. Celestino procurou viver escondido o resto da vida que ainda tinha, até que no dia 19 de maio morreu cantando os Salmos da Bíblia. Papa Clemente V o canonizou em 1313. As relíquias de Celestino V foram visitadas por Bento XVI, o Papa que, após 700 anos da canonização de Celestino, seguiu seus passos e igualmente renunciou ao sólio de São Pedro.