Bem-aventurada Eva

As notícias que chegaram até nós sobre esta Bem-aventurada, encontram-se no relato sobre a vida de Santa Juliana de Cornillon, santa famosa por estar ligara à instituição da Festa de Corpus Christi. Eva e Juliana eram amigas e confidentes; ao que parece, Eva apoiou e ajudou Juliana a levar adiante a ideia que culminaria com a instituição da Solenidade do Corpo de Deus. Nascida entre 1205 e 1210, Eva viveu uma vida relativamente tranquila, já que sua família dispunha de posses. Logo sentiu em si o grande combate entre seguir os atrativos de uma vida civil abastada e viver a chamada que sentia fortemente em seu coração para seguir o Divino Esposo. Seu contato com Juliana a ajudou em sua escolha: logo se dirigiu e entrou no mosteiro de São Martinho de Liège, onde recebeu com frequência visitas de sua amiga Santa Juliana. Durante essas visitas, as duas entretinham conversas em que Juliana narrava suas visões místicas sobre o Cristo e a Eucaristia. A própria Eva iria presenciar alguns êxtases de Santa Juliana, por ocasião da acolhida desta no mosteiro de São Martinho. É preciso dizer que, no início, Eva não estava tão convencida das visões de Juliana, mas aos poucos foi se convencendo e, após a morte da amiga, se tornou uma das maiores defensoras da instauração de um culto eucarístico específico, como foi a instituição da festa de Corpus Christi. De fato, Eva manteve uma relação constante com o bispo de Liegi para que ele fizesse um pedido ao Papa para que essa festa fosse instituída. A insistência de Eva surtiu efeito, pois no dia 8 de setembro de 1264, o Papa Urbano IV anunciava a instituição da Festa do Corpus Domini para toda a Igreja. Pouco menos de um ano após o anúncio do Papa, Eva morreu no mosteiro de São Martinho e seu túmulo logo se tornou meta de peregrinações por parte dos fiéis que, independentemente de um pronunciamento oficial da Igreja, souberam reconhecer nela os sinais de santidade. No século XVI seus restos mortais foram depostos num altar lateral para que trabalhos e elevação do pavimento da igreja pudessem ser feitos. Nos séculos seguintes, muitos abades e membros das famílias reais da Europa solicitaram relíquias do corpo de Eva. No século XVIII suas relíquias foram depostas no altar de São Martinho e, em 1902, seu culto foi aprovado. Em Liège sua memória recai no dia 14 de março.