Santo Acardo

Não se sabe se Acardo era de origem inglesa ou Normanda. Sabe-se apenas que sua primeira educação foi feita entre os cônegos regulares de Bridlington (Diocese de York, Reino Unido) e de lá seguiu para a escola da Abadia de São Vitor, em Paris, com a finalidade de se aperfeiçoar nos estudos.
Após o término dos estudos acadêmicos, abraçou a vida religiosa na Abadia onde fora estudar. Teve o exemplo do Beato Hugo de São Vitor como um incentivo ao estudo e à virtude.
Em 1155, com a morte do abade, Arcado foi eleito como segundo abade de São Vitor.
Em 1157 foi eleito bispo de Séez, mas Henrique II da Inglaterra se opôs à sua consagração porque, de acordo com São Tomás de Cantuária, o Papa Adriano IV favoreceu sua escolha. Assim, Acardo nunca tomou sua sé.
Em 1161, foi nomeado bispo de Avranches. Piedoso e caridoso, por sua amizade com o monarca inglês obteve muitos favores para sua diocese e para toda a região da Normandia. No ano seguinte esteve presente à transladação dos restos mortais do rei Eduardo, o Confessor para a abadia inglesa de Westminster .
Em 1171 faleceu e foi sepultado na igreja da abadia premonstratense da Santíssima Trindade de La Lucerne-d’Outremer, da qual foi o principal benfeitor e da qual havia abençoado a pedra fundamental (1164).
É considerado o autor de De discretione animae, spiritus et mentis, obra já atribuída a Adão de São Vitor e Gilberto de Poitiers, e de De unitate divinae essentiae et pluralitate creaturarum, obra em que considera a essência divina a primeira forma e divide as formas criadas em duas categorias distintas: a formada pelos objetos do pensamento de Deus e a formada pelos objetos presentes na realidade do mundo.
Teólogo profundo e defensor da doutrina tradicional, defendia o realismo da união das duas naturezas em Cristo contra todos os nominalistas.
Outra importante obra atribuída a Santo Arcado é seu tratado ou sermão De abnegatione sui ipsius, também chamado De temptatione Domini in Deserto. Nesta obra o propósito do autor foi conduzir a alma à perfeição através dos sete graus de abnegação evangélica, que segundo ele faz entrar como que em sete desertos. Despojando-se de si mesma e de todas as coisas, a alma fica intimamente unida a Deus. É uma obra dirigida a todos os cristãos, mas especialmente aos religiosos. Sabe-se que esse autor escreveu muitas outras obras, contudo, foram perdidas.