Beato José Zaplata

Este nome, incomum nos nossos dias, era muito popular nos primeiros séculos do cristianismo pertencendo a quatorze santos, inclusive a um papa que governou a Igreja entre 175-189. Hoje, o Martirológio Romano lembra dois bispos com o mesmo nome: Santo Eleutério de Constantinopla, que governou a Igreja bizantina (início do segundo século ou mesmo o fim do século V), e Santo Eleutério, bispo de Tornai, Bélgica, onde sua devoção é muito difundida. Eleutério de Tornai é popular no norte da Europa. Viveu em um período muito conturbado na história da nação franca: nasceu presumivelmente em 456. Naquele momento a Gália, que já havia sido tomada por várias migrações bárbaras, como os burgúndios e os visigodos – que ao se converterem ao cristianismo, passaram da idolatria à heresia ariana -, tornou-se uma terra de conquista do rei franco Clovis. Sua mulher cristã, Clotilde, contribuiu muito para a conversão destes bárbaros, sendo orientada pelo bispo de Reims, São Remígio, e também São Eleutério, bispo eleito de Tournai, em 484, quando Clovis estabeleceu nesta cidade a capital de seu reino, antes de se mudar para conquistar a região de Paris. Apesar de não possuir qualquer fonte histórica confiável sobre a atividade deste santo bispo e seu trabalho missionário, muitas anedotas sobre sua vida e sobre seus contatos com o rei pagão Clovis são relatados em uma biografia atribuída a São Medardo, e até mesmo de amigos de pares jogos, na infância, de Santo Eleutério. O próprio Medardo previu que um dia ele se tornaria bispo, mas essa profecia era equivalente a um desejo de uma vida difícil, se não mesmo de martírio. Os povos bárbaros, que das regiões orientais invadiram as colinas verdes da França, não conheciam outra autoridade além da de seu rei. Ao bispo de Tournai coube a tarefa de lançar a semente da Palavra de Deus num povo idólatra bruto, que em 506 receberá um batismo em massa, a exemplo de seu rei, após a vitória contra os germânicos, em Tolbiac. No entanto, a honra desta colheita abundante será atribuída a São Remígio. De Santo Eleutério, trabalhador evangélico humilde e incansável, que tinha como campo de trabalho a nova fronteira do cristianismo, representada pelos povos bárbaros, permanece a urna funerária preservada na catedral de Tournai, destino de contínuas peregrinações.