É bom para vós que eu parta
Ele cobriu com sua sombra a Virgem e, no dia de Pentecostes, confortou os Apóstolos; preparou o acesso à divindade em um corpo virginal, e revestiu os apóstolos com uma força que vinha do alto, ou seja, com sua fervorosa caridade. O coro dos Apóstolos vestiu essa couraça como um gigante para se vingar dos povos e aplicar o castigo aos pagãos, prendendo os reis com correntes e os nobres com algemas de ferro. Já que se tratava de entrar na casa de um homem forte e tomar todos os seus bens, era preciso ser mais forte que ele. Triunfar sobre a morte e não sucumbir ao poder do inferno era totalmente impossível para eles: só ganhariam cheios de um amor forte como a morte e de uma paixão tão cruel como o abismo. Esse é o zelo que os devorava quando as pessoas pensavam que estavam bêbados. É verdade que estavam bêbados, mas não de um vinho comum. Estavam bêbados, repito, mas do vinho novo que os odres velhos não merecem e não podem conter. Este vinho é fruto da “videira celeste”, um vinho que alegra o coração e não perturba a mente. Um vinho desconhecido para os habitantes da terra. No céu sempre tinha sido abundante… Por todas as ruas e praças da cidade correu aquele vinho que enche o coração de alegria.
São Bernardo
3º sermão sobre Pentecostes.
Nasceu em Dijon, França.
Ele foi um monge cisterciense e um grande autor espiritual.
Ele é Doutor da Igreja (1090-1153).