Rezem assim: Pai Nosso...

Fora do Ofício divino, que tão indigna sou de recitar, não me sinto com forças para me sujeitar a buscar nos livros belas orações; dá-me dor de cabeça e são tantas..., cada uma mais linda que a outra...! Não poderia rezar todas e, sem saber qual escolher, faço como as crianças que não sabem ler: simplesmente digo a Deus o que quero dizer a ele, sem compor frases bonitas, e ele sempre me compreende...
Não quero, no entanto, querida Madre, que penses que rezo sem devoção as orações da comunidade no coro ou nas ermidas. Pelo contrário, gosto muito das orações comunitárias, porque Jesus prometeu estar no meio daqueles que se reúnem em seu nome; sinto então que o fervor de minhas irmãs substitui o meu.
Mas, rezar sozinha o rosário (tenho vergonha de dizê-lo) custa-me mais do que colocar um instrumento de penitência... Sei que o rezo muito mal! Por mais que me esforce por meditar os mistérios do rosário, não consigo fixar a atenção... Por muito tempo vivi desconsolada por essa falta de atenção, que me surpreendia, pois amo tanto a Virgem Santíssima que me deveria ser fácil para rezar, em honra dela, orações que tanto a agradam. Atualmente fico menos triste, porque penso que, como a Rainha do céu é minha Mãe, ela vê a minha boa vontade e se conforma com ela.
Às vezes, quando meu espírito está tão seco que me é impossível dirigir um único pensamento para me unir a Deus, oro muito lentamente um “Pai Nosso” e, em seguida, a saudação angélica. Então, estas orações me encantam e alimentam minha alma muito mais do que se eu as rezasse precipitadamente centenas de vezes...

Santa Teresa do Menino Jesus
Manuscrito autobiográfico C, n° 25 - v
Carmelita Descalça, Doutora da Igreja (†1897)