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“A América tem fome de liderança moral”: um rabino comenta o “fenômeno Francisco”

WEB Pope Francis The Drawing Hands – pt

The Drawing Hands

Pe. Dwight Longenecker - Aleteia Vaticano - publicado em 07/01/14

“É o frescor do Evangelho transmitido pelo papa o que atrai tanta gente com tanta intensidade”

"Fenômeno Francisco" é a expressão que virou moda entre os especialistas de mídia para se referir à incrível popularidade do papa. Em artigo no Huffington Post, o rabino Eric Yoffie opina que “a América está com fome de Deus, fome de liderança moral e fome de modelos positivos. O papa Francisco está ajudando a saciar essa fome”.

Yoffie aborda especificamente o mal-estar espiritual que acomete os Estados Unidos. Dúvidas sobre o futuro do país, cinismo político e aparente colapso da religião organizada: tudo aponta para um futuro sombrio, sem esperança nem fé. Mas eis que surge o papa Francisco.

Yoffie destaca:

“O papa não conta apenas com a aprovação de quase 90% dos católicos norte-americanos, como também com a visão favorável de cerca de 75% de todos os norte-americanos [católicos ou não]. Nos primeiros dias do pontificado, o interesse e entusiasmo podia ser entendido como coisa gerada pela mídia, mas, dez meses depois, fica claro que existe algo mais. O que poderia explicar o carinho e o respeito em torno deste homem, que é a figura suprema do ‘establishment’ religioso, o chefe da maior burocracia religiosa do mundo?”, pergunta o rabino.

Eric Yoffie tem razão quando afirma que o fenômeno Francisco é mais do que o encanto dos esquerdistas com o que eles consideram a “guinada católica a favor deles mesmos”. Também não se trata apenas do “frescor do estilo” do papa Francisco. Algo mais profundo está acontecendo. Que multidões são essas que ele vem atraindo? Yoffie opina:

"O que essas pessoas veem, eu acho, é a profunda autenticidade da liderança dele. Famintos por modelos e desesperados por figuras de autoridade com valores credíveis e com um centro moral verdadeiro, os norte-americanos se sentem atraídos pelo papa Francisco por sentirem que ele fala com base em princípios e vive de verdade os valores que ensina. E não é só isso: ele irradia compaixão e humildade, além de respeito por quem é diferente na nossa família humana. O resultado é que, para os norte-americanos, ele gera esperança na escuridão e no pântano da vida cotidiana, mantendo-nos no rumo da humanidade apesar dos tempos difíceis".

Eu concordo com a avaliação do rabino, mas acho que há mais a destacar. O papa Francisco parece ter nos levado a Cristo “para além do catolicismo”. O que eu quero dizer com isso é que ele abriu os nossos olhos para o carisma e para a pessoa do próprio Jesus Cristo. Através de Francisco, nós podemos ver o homem de Nazaré que cura os doentes, acolhe as crianças, perdoa o pecador e vive com a simplicidade, a naturalidade e a liberdade que vêm da santidade genuína. E Jesus não era só doçura: Ele falou com dureza para os hipócritas, para os apegados à riqueza, para os de coração duro. E Francisco faz a mesma coisa.

Este frescor do Evangelho que vemos em Francisco é o que atrai tanta gente com tanta profundidade. Quando eu digo que ele nos levou a Cristo para além do catolicismo, quero dizer que ele fez isso sem negar nenhum aspecto da plenitude da fé. Ao dizer que ele nos levou "para além da religião", eu quero dizer que ele nos levou, através da nossa religião, até Jesus Cristo, que é o "autor e consumador da nossa fé". Em outras palavras, ele nos ajudou a usar a nossa religião católica para o seu único propósito: entrar em contato com Cristo, o Senhor.

Francisco está colocando em prática o que os seus dois antecessores ensinaram com fidelidade e com amor. Como ele próprio já disse várias vezes, Francisco é um "filho fiel da Igreja", de quem podemos esperar firmeza na doutrina e nos ensinamentos morais da fé, dando continuidade ao ministério da reconciliação, do acolhimento e da compaixão. Em suas palavras e obras, podemos esperar que ele continue nos apontando Jesus Cristo, para além da religião.

À medida que se aproxima o segundo ano de pontificado, porém, eu prevejo que a “lua de mel” vai chegar ao fim. Quem gosta de posições entrincheiradas na Igreja talvez ache que a sua segurança está em risco. Alguns católicos que não gostam e que desconfiam do novo papa podem dissentir e até desobedecê-lo. Muitos que estão fora da Igreja e que têm se visto atraídos por Francisco vão logo perceber que ele é o papa e ficarão desapontados ao descobrir que ele vai continuar a defender a moral e a doutrina católica. Muitos que agora o aprovam vão mudar de ideia.

Mas a história não vai acabar assim. Este papado dará muitos frutos. Vejo os sacerdotes e as pessoas na Igreja ouvindo atentamente o seu apelo, encontrando maneiras de imitá-lo. A nova evangelização está começando a virar uma bola de neve e, com o papa Francisco na liderança, a boa notícia de Jesus Cristo, presente na plenitude da fé católica, vai reverberar em todo o mundo, trazendo a nova primavera de que a nossa Igreja e o nosso mundo precisam desesperadamente.

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