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Deixai vir a mim as criancinhas

Let the Little Children Come AFP PHOTO OSSERVATORE ROMANO – pt

AFP PHOTO/OSSERVATORE ROMANO

Pe. Dwight Longenecker - Aleteia Vaticano - publicado em 17/01/14

Ainda existe quem ponha em dúvida as credenciais pró-vida do papa Francisco?

A exemplo do seu homônimo, o papa Francisco prega com as obras. Ele usa gestos poderosos e ações simbólicas para comunicar o Evangelho numa era visual. Quando um garotinho se agarrou a ele e depois sentou-se em sua cadeira no Vaticano, o papa o deixou permanecer lá mesmo. No Brasil, Francisco foi abraçado por um menino em meio à multidão e chorou quando o ouviu contar que queria ser sacerdote. Vezes e mais vezes, o papa Francisco se aproxima das crianças, recordando-nos as palavras e atos de Jesus, que abençoava as crianças e dizia aos seus discípulos: "Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais".

Na última semana, vimos o papa enfatizar continuamente a preciosidade das crianças e a santidade da vida. Na celebração do Batismo do Senhor, no último domingo, uma Capela Sistina lotada para a tradicional cerimônia testemunhou o papa batizando bebês. Em uma mensagem positiva a favor da vida, ele disse para os pais não se preocuparem se os bebês fizessem barulho: "O coral canta, mas o canto mais belo são as crianças fazendo barulho!". De modo natural e saudável, ele também encorajou as mulheres a amamentarem seus bebês, porque eram eles os mais importantes ali presentes.

Na segunda-feira, em discurso aos diplomatas do Vaticano, Francisco falou vigorosamente contra o horror do aborto, dizendo: "É horrível até mesmo pensar que há crianças, vítimas do aborto, que nunca verão a luz do dia". Seus comentários vieram no contexto de uma crítica à "cultura do descarte", na qual a vida humana pode ser jogada fora. Não só com o aborto, mas também com os abusos, com as crianças-soldados e com o tráfico humano, que usa, abusa e descarta crianças.

Alguns católicos têm criticado o papa Francisco por não falar mais vezes contra o aborto. É miopia de parte deles. O aborto é um crime terrível, sim, mas o papa Francisco está nos ensinando que o aborto é um sintoma de uma doença muito mais profunda em nossa cultura: uma doença que considera toda vida humana como mercadoria descartável. Jogamos as pessoas para longe se elas não nos dão prazer ou se nos custam muito dinheiro. Por meio da pornografia, dos baixos salários, da prostituição, da injustiça econômica e da escravidão, abusamos das pessoas e as usamos para os nossos próprios fins egoístas; quando não as queremos mais, simplesmente as descartamos. O aborto é apenas um sintoma, terrível, do horror maior da nossa sociedade.

O papa Francisco mantém as crianças diante dos nossos olhos para enxergarmos o que estamos fazendo. Sua mensagem não é simplesmente um discurso “contra” (contra o aborto, no caso). É uma mensagem positiva, abundante e poderosa “a favor” (a favor da vida). Os católicos são chamados, como Cristo, a amar não apenas “a humanidade”, mas cada um dos seres humanos. Cada alma é um tesouro precioso e eterno, criado à imagem de Deus. Cada criança, diz Francisco, tem o rosto de Cristo. Quando vemos um lindo bebê, vemos uma linda vida humana. Quando vemos uma linda pessoa idosa, na fase final da vida, vemos uma linda vida humana. Quando sofremos junto com uma pessoa deficiente, quando temos compaixão do pobre, quando temos pena dos doentes, estamos afirmando a vida humana e valorizando cada momento do incrível dom divino da vida.

Os católicos são contra o aborto porque são a favor da vida. Os católicos também são contra a guerra, o terrorismo, a pornografia, a prostituição, o tráfico de seres humanos, a escravidão dos baixos salários, a pobreza, a eutanásia, a crueldade para com os deficientes, a injustiça para com os idosos e a opressão econômica. Por quê? Porque amam a vida.

A mais poderosa maneira de simbolizar este amor pela vida é o nosso amor pelas crianças. De coração aberto, de mente aberta, de braços abertos, nós não dizemos apenas "Deixai vir a mim as criancinhas", mas "Deixai todos os filhos de Deus virem a mim". Amar as crianças é amar a vida humana. E há mais uma lição: quando o papa abraça as crianças, ele nos recorda que Cristo estende a mão para cada um de nós com um convite ao amor e com um abraço de vida.

Para recebermos esse amor e essa vida, Ele nos pede ser tão inocentes e livres quanto as crianças. Deus deve ser, como dizia Santa Teresinha, "o nosso Papai", e nós temos que nos tornar como crianças, ouvindo as palavras do Senhor: "Se não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino dos céus".

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