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Por que há 700 anos existe a tradição de tatuar cristãos em Jerusalém?

tatuagem cristã

Addie Mena - ACI Digital

ACI Digital - publicado em 26/07/17

O sentido de uma surpreendente tradição que, no entanto, está correndo perigo

Em Jerusalém vive uma família que há mais de 700 anos faz tatuagens nos cristãos coptos e nos peregrinos do mundo todo que visitam a Terra Santa.

A família Razzouk tem seu estúdio de tatuagem na cidade de Jerusalém. Atualmente, o responsável pelo negócio é Wassim Razzouk. Em declaração a CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, o homem de 43 anos contou a origem e a importância desta tradição.

“Somos coptos, viemos do Egito e, no Egito, existe uma tradição de tatuar os cristãos. Meus antepassados foram alguns dos que tatuavam os cristãos coptos”, expressou.

A primeira evidência das tatuagens cristãs remete aos séculos VI e VII na Terra Santa e no Egito. Com o tempo, esta prática começou a ser replicada nas comunidades cristãos das igrejas etíopes, armênias, sírias e maronitas.

Atualmente, em algumas igrejas coptas, a tatuagem serve para identificar os cristãos e estes devem mostra-la quando querem ingressar em algum templo.

Com o início das Cruzadas no ano 1095,o costume de tatuar os que concluíam sua peregrinação à terra Santa foi adotado pelos visitantes europeus. Também existem registros históricos que revelam que, por volta do ano 1600, os peregrinos continuavam realizando esta prática e este costume permaneceu até a atualidade.

A família Razzouk iniciou seu negócio de tatuagens há sete séculos no Egito e, após visitar Jerusalém como peregrinos, decidiram se instalar nesta cidade definitivamente por volta do ano 1750.

“Nos últimos 500 anos, temos tatuado os peregrinos na Terra Santa e esta tradição passou de pai para filho”, contou.

Antigamente, esses artistas cristãos criavam suas próprias tintas para as tatuagens e utilizavam selos para plasmar as imagens na pele.

Wassim deixou de usar a antiga receita familiar para a tinta, que era feita com fuligem e vinho e usava corantes esterilizados.

Ele usa quase todos os 168 selos de sua família, que tem centenas de anos. Ao contrário de seus antepassados, que aplicavam a tatuagem na pele somente com o selo, ele passa o desenho do selo para um papel, em seguida coloca sobre a pele para traçar o desenho e depois tatua a imagem com uma pistola.

Os desenhos mais solicitados pelos clientes são a cruz de Jerusalém – que tem cruzes pequenas em cada um de seus quatro lados –, as imagens da Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo, da Ressurreição, cordeiros, rosas e a estrela de Belém.

Wassim costuma acompanhar a imagem com o ano em que a pessoa concluiu sua peregrinação na Terra Santa.

Entre os clientes mais famosos da família Razzouk se encontra o Patriarca Ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, assim como vários líderes cristãos da Etiópia.

Também buscaram seu trabalho cristãos provenientes de países onde sofrem perseguição e peregrinos de diferentes países de ritos cristãos.

Um peregrino norte-americano chamado Matt Gates indicou a CNA que, apesar de ter muitas tatuagens, a que foi feita por Wassim “tem um significado especial”.

“Acho que não existe melhor maneira para comemorar uma peregrinação do que neste estúdio”, expressou.

Uma tradição em perigo

Você pode ler a continuação desta história no site católico ACI Digital, clicando aqui.

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